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Era das fusões? Após boom dos IPOs, mercado vê consolidação de companhias

Era das fusões? Após boom dos IPOs

Pixabay

Se o mercado é feito de modismos, podemos estar em uma entresafra deles. Se entre 2019 e 2021 ocorreu o chamado “boom de IPOs” (oferta pública inicial de ações, em português), recentemente um novo movimento tem chamado a atenção de especialistas. Grandes companhias anunciaram fusões e aquisições (M&As) de concorrentes diretas de seus respectivos setores. Segundo os analistas consultados pelo BP Money, o momento é de “oportunidade” para empresas que possuem caixa e planejam ter um domínio maior do mercado quando o cenário voltar a ser favorável.

Para Charo Alves, assessor da Valor Investimentos, este movimento é um reflexo do momento complicado que as empresas passam, com juros altos e a inflação corroendo o poder de compra das pessoas, o que deixa o ambiente macroeconômico mais desafiador – de forma geral. 

“As empresas tendem a aproveitar as dificuldades e problemas que as outras passam nesses momentos e começam esse processo de negociar compra, expandir market share, até pra quando o mercado melhorar elas estarem com um domínio maior e mais elevado. É um jogo de oportunidade o que está acontecendo”, disse Alves.

Já para Guilherme Champs, CEO do Champs Law, os acordos vistos recentemente não estão necessariamente sendo frutos do momento, mas sim de um cenário construído há pelo menos 12 meses. 

“Transações desta natureza demoram em média de 6 a 18 meses para o fechamento. Portanto, implica dizer que o cenário atual foi refletido por um momento de excesso de liquidez mundial, bolsa nas mínimas históricas e cenário passado de juros baixos. Portanto, entendemos como um reflexo letárgico de um passado distante do momento atual. Todos os movimentos aconteceram num cenário de baixa das ações em setores historicamente suscetíveis a processos de consolidação”, afirmou Champs.

Na última segunda-feira (27), a Omega Energia anunciou que fechou um acordo para vender 10% de seu capital social para o fundo de private equity inglês Actis. Durante o pregão desta terça-feira (28), os papéis da companhia subiram mais de 16%. A operação anunciada pela Omega é mais uma que está em linha com o assunto de fusões e aquisições.

Nos últimos meses, diversas empresas anunciaram a conclusão de M&As. A Marfrig adquiriu o controle da BRF. A Rede D’or comprou a SulAmerica. A Hapvida se uniu ao Grupo NotreDame Intermédica. A Localiza adquiriu a Unidas. Outras fusões e aquisições também aconteceram nos últimos meses, mas agora, segundo especialistas consultados pelo BP Money, o que deve acontecer é uma fusão no setor de varejo. 

De acordo com os analistas, algum dos grandes players do varejo brasileiro, entre Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VIIA3) e Lojas Americanas  (AMER3), deve repetir esse processo visto em outros setores, em breve. A ideia para essas companhias seria criar uma gigante do setor no Brasil para poder bater de frente com players estrangeiros como: Alibaba, Mercado Livre, Shopee, Amazon, entre outras. 

O setor varejista tem sido um dos mais afetados pelo cenário atual, e isso tem refletido nos papéis dessas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Magazine Luiza já caiu mais de 64% neste ano, enquanto Lojas Americanas e Via tiveram queda acumulada de 56% e 57%, respectivamente.

“É a hora dessa dança das cadeiras das empresas que estão um pouco mais capitalizadas. É o momento de aproveitarem a dificuldade das empresas do mesmo segmento e unirem forças para poder ganhar mercado. É um movimento clássico de oportunidade para voltarem maior do que antes”, afirmou Alves. 

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