A Esh Capital, um dos acionistas minoritários da Gafisa (GFAS3), notificou a companhia por negócios com Wotan. Em carta aberta ao mercado, divulgada nesta quinta-feira (15), a gestora afirmou que as medidas judiciais tomadas contra a empresa foram feitas para proteger os acionistas de uma operação suspeita por parte da Gafisa.
“Cabe esclarecer, em primeiro lugar, que as medidas judiciais adotadas se deram no cumprimento da obrigação de buscar, por meios judiciais, proteger os acionistas acerca da conclusão de uma operação realizada sem que as condições precedentes e suspensivas fossem satisfeitas, além do que foi conduzida sem observar as melhores práticas de mercado em operações dessa natureza”, escreveu a ESH Capital.
“Exemplo disso é a realização de auditoria jurídica por assessores jurídicos que representam os interesses do vendedor (Nelson Tanure) e realizada após a assinatura dos documentos de fechamento da operação que formalizavam a transferência das participações societárias das SPEs à Gafisa. Tal fato foi objeto de questionamento expresso e não respondido pela administração da Companhia”, continuou a gestora.
Recentemente, a disputa entre a Gafisa e a Esh Capital chegou aos tribunais. E o desfecho do primeiro embate jurídico entre as duas partes foi negativo para a incorporadora, com uma liminar que impedia a conversão das debêntures da 17ª emissão em ações.
De acordo com a companhia, a liminar trará prejuízo, pois limita a capacidade de prosseguir com o desenvolvimento de projetos estratégicos em imóveis adquiridos com os R$ 245,5 milhões levantados pela operação.
Tais empreendimentos, inclusive, são o motivo por trás do embate judicial. A Esh Capital, gestora que detém 5,3% das ações GFSA3, alega que os terrenos negociados pertencem a uma empresa de Nelson Tanure, o controlador da companhia.
“Os inúmeros processos judiciais envolvendo empresas vinculadas ao empresário baiano Nelson Tanure têm potencial de comprometer os empreendimentos e, consequentemente, contaminar o patrimônio da Gafisa”, ressaltou a ESH, na carta aos acionistas.
A ação movida pela Esh Capital corria em segredo de Justiça. Segundo documentos obtidos pelo “Estadão”, a gestora alegou que todas as etapas da emissão de debêntures da Gafisa foram irregulares e representam um “flagrante prejuízo à companhia e seus acionistas” para beneficiar a Tanure. A gestora acredita que o objetivo final da operação era diluir os acionistas e aumentar a participação do empresário na companhia. A contrapartida para a empresa seriam “ativos podres” vendidos por uma sociedade do próprio Tanure chamada Wotan.