A Evergrande (EGRNY) comunicou ao mercado neste domingo (24), que está impossibilitada de emitir novos títulos, em mais um desdobramento da crise de liquidez que se abateu sobre a incorporadora imobiliária chinesa.
O anúncio aconteceu dois dias após a Evergrande informar o cancelamento de um programa de reestruturação de dívidas. Em documento protocolado na Bolsa de Hong Kong, a companhia afirmou que a subsidiária Hengda Real Estate é alvo de uma investigação da Comissão Reguladora de Valores da China por possíveis violações a normas de divulgação de informações.
De acordo com a nota, essa apuração impede a emissão de novas notas.”Os detentores de títulos da empresa e potenciais investidores da empresa são aconselhados a ter cautela ao negociar os valores mobiliários da companhia”, diz a Evergrande.
Entenda crise da Evergrande e preocupações do mercado
Em meados de agosto, os mercados foram surpreendidos pela Evergrande, gigante chinesa da construção, que solicitou um pedido de proteção contra falência, o conhecido “Capítulo 15”, em Nova York. Este movimento ligou todos os alertas, devido ao histórico de problemas da companhia.
Em 2021, a Evergrande enfrentou uma crise de liquidez ao não conseguir emitir pagamentos sobre os juros de empréstimos vencidos. Na época, a preocupação era de que a quebra da incorporadora gerasse um efeito cascata, provocando uma crise global – chegando a ser comparada com o caso ‘Lehman Brothers’, um dos bancos responsáveis pela crise econômica de 2008.
No ano de 2021, a Evergrande contabilizou prejuízo de US$ 65,4 bilhões e de US$ 14,5 bilhões em 2022. Apesar das dívidas bilionárias, a empresa conseguiu resistir, mas agora o mercado mundial volta a questionar o que pode acontecer em caso de possível quebra da gigante. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, as atenções devem se voltar para como o governo chinês irá se posicionar em relação ao setor imobiliário.
“Os dados continuam ruins, a gente tem sinais que são negativos do setor de construção civil na China e que levaram inclusive ao Banco Central chinês a diminuir as suas taxas médias e taxas de baixíssimo prazo. Ainda não mexeram nas taxas de juros principais, mas a gente tem que ficar de olho”, declarou.
De acordo com Ricardo Martins, economista chefe da Planner Corretora, os mais recentes indicadores da atividade econômica chinesa, em desaceleração contínua, demonstram a enorme dificuldade que passarão as empresas do setor imobiliário.