A incorporadora de imóveis chinesa Evergrande Group informou em comunicado emitido nesta sexta-feira (22) que está reavaliando os termos da proposta de reestruturação da sua dívida. A gigante asiática disse que, baseando-se em sua atual situação e em consultas com consultores e credores, é necessário reavaliar o quadro, a fim de atender à situação objetiva da empresa e da demanda dos credores. As informações são do Broadcast/Estadão.
A companhia afirma ainda que fará mais um anúncio sobre o tema, quando houver uma atualização com respeito à emenda dos termos da proposta de reestruturação, e que os detentores dos títulos e potenciais investidores da empresa devem ter “cautela” em suas operações.
A Evergrande informou que, desde o anúncio anterior de 22 de março com relação aos termos da proposta de reestruturação da dívida offshore, suas vendas não se comportaram conforme esperado, por isso a necessidade de voltar a avaliar o quadro.
Entenda crise da gigante chinesa e preocupações do mercado
Em agosto, os mercados foram surpreendidos pela Evergrande, que solicitou um pedido de proteção contra falência, o conhecido “Capítulo 15”, em Nova York. Este movimento ligou todos os alertas, devido ao histórico de problemas da companhia.
Em 2021, a Evergrande enfrentou uma crise de liquidez ao não conseguir emitir pagamentos sobre os juros de empréstimos vencidos. Na época, a preocupação era de que a quebra da incorporadora gerasse um efeito cascata, provocando uma crise global – chegando a ser comparada com o caso ‘Lehman Brothers’, um dos bancos responsáveis pela crise econômica de 2008.
No ano de 2021, a Evergrande contabilizou prejuízo de US$ 65,4 bilhões e de US$ 14,5 bilhões em 2022. Apesar das dívidas bilionárias, a empresa conseguiu resistir, mas agora o mercado mundial volta a questionar o que pode acontecer em caso de possível quebra da gigante. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, as atenções devem se voltar para como o governo chinês irá se posicionar em relação ao setor imobiliário.
“Os dados continuam ruins, a gente tem sinais que são negativos do setor de construção civil na China e que levaram inclusive ao Banco Central chinês a diminuir as suas taxas médias e taxas de baixíssimo prazo. Ainda não mexeram nas taxas de juros principais, mas a gente tem que ficar de olho”, declarou.
De acordo com Ricardo Martins, economista chefe da Planner Corretora, os mais recentes indicadores da atividade econômica chinesa, em desaceleração contínua, demonstram a enorme dificuldade que passarão as empresas do setor imobiliário.
Em conversa com a BP Money, ele comentou sobre como muitos fundos estão lastreados por projetos imobiliários de incorporadoras, algumas já problemáticas como a Evergrande. “Entre credores bancários chineses que retomaram US$ 2 bilhões que deveriam permanecer no controle dos detentores de títulos offshore e a ameaça de credores estrangeiros de liquidar as operações no exterior, a Evergrande decidiu valer-se do Capítulo 15 do Código de Falências dos EUA, para reestruturação da dívida offshore, de US$ 19 bilhões, onde muitos títulos estrangeiros são regidos pela lei dos EUA”, comentou.