Em um mundo onde os desafios parecem sempre extremos, algumas batalhas exigem mais do que apenas força física. Elas exigem uma mente preparada para resistir à pressão, tomar decisões rápidas e agir com precisão — seja em uma operação de combate ou no mercado financeiro. Ronald Cadar, ex-tenente do BOPE, é um exemplo vivo dessa mentalidade, e trouxe essa perspectiva durante uma palestra em Salvador para profissionais do mercado financeiro da BP SVN Investimentos.
Com um passado repleto de histórias de coragem e enfrentamentos no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), Cadar compartilhou como a preparação mental de um combatente se reflete na maneira como ele encara os altos riscos do mercado financeiro.
Para ele, as operações de risco, tanto nas ruas quanto nos investimentos, não têm segredo: tudo se resume à mentalidade.
A mente como principal aliada nas operações
Cadar não é apenas um estrategista de combate. Depois de deixar o BOPE, ele se dedicou a estudar a fundo o comportamento humano e a neurociência. Com isso, fundou um curso online focado em fortalecer a mente, uma habilidade que ele considera essencial para superar desafios em qualquer campo — seja na guerra ou nos mercados financeiros.
Para ele, o corpo pode até ser a força visível, mas é a mente que determina o sucesso. E essa é a mensagem que ele transmite para seus seguidores e alunos, muitos dos quais buscam mudar de vida, melhorar sua mentalidade e alcançar melhores resultados na vida pessoal e profissional.
“O corpo forte te leva longe, mas é a mente que te leva a qualquer lugar. É a mente que decide o resultado final.”
Aos alunos de seu curso, Cadar ensina que não existe um atalho para o sucesso. Sua metodologia combina filosofia, neurociência e experiências vividas no campo de batalha para transformar a mentalidade de quem busca crescimento e resiliência.
Cadar defende força mental no campo de batalha
Cadar usou um exemplo interessante para ilustrar como a força mental é o verdadeiro diferencial: um jovem combatente, com apenas 1,64m de altura e 50 kg, mas com uma resistência mental tão forte que o tornava capaz de enfrentar qualquer desafio.
A comparação com o mercado financeiro não poderia ser mais clara: muitas vezes, o que parece ser uma vantagem física ou aparente no início da jornada é irrelevante diante de uma mente imbatível.
A principal diferença entre um bom operador e um excelente, segundo Cadar, é a capacidade de enfrentar o caos com clareza e persistência. “A guerra não se define por quem é mais forte fisicamente, mas por quem consegue resistir quando o caos se instala”, diz.
Onde entra o mercado financeiro?
Na palestra, Cadar não hesitou em traçar um paralelo entre os desafios das operações no BOPE e as pressões do mercado financeiro.
Para ele, ambos os cenários exigem estratégias e resiliência. Quando questionado sobre a conexão entre o que ele fez nas ruas e o que os investidores enfrentam, ele explicou:
“Assim como em uma operação, no mercado financeiro você também enfrenta momentos de crise. A única diferença é que, no mercado, os recursos que você está buscando são números e decisões.”
Para Cadar, o que define o sucesso nas operações financeiras, como em uma missão militar, não são os recursos disponíveis, mas a capacidade de tomar decisões rápidas e manter o foco no objetivo, independentemente da pressão externa.
Ronald Cadar: o policial que disse não a R$ 1 milhão
Ronald Cadar não construiu sua autoridade apenas em discursos — suas ações em campo sustentam sua credibilidade. Em 2011, como tenente do Batalhão de Choque da PMRJ, liderou a operação que prendeu o traficante Nem da Rocinha, um dos criminosos mais procurados do país à época.
A prisão aconteceu durante uma blitz na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, quando os policiais interceptaram um Corolla preto que se passava por veículo diplomático. O nervosismo do motorista levantou suspeitas e, ao se recusarem a permitir a revista, os ocupantes ofereceram propina crescente aos agentes — começando por R$ 30 mil e chegando a R$ 1 milhão, segundo relato de Cadar.
“A proposta foi feita no caminho. A gente recusou. Fizemos o que era certo”, disse na época.
Dentro do porta-malas, estava Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que tentava fugir da Rocinha com mais de R$ 100 mil em espécie e 50 mil euros. O carro foi escoltado por terra e ar até a sede da Polícia Federal. A firmeza moral diante da corrupção se tornou um marco na carreira de Cadar — e fortalece o peso de suas palavras ao falar de crise, caráter e liderança.