O ex-presidente do BC (Banco Central), Affonso Celso Pastore, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada neste domingo, que o governo precisará aumentar a carga tributária para que o novo arcabouço fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana anterior, dê conta de reduzir a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto) do País.
“Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superávit primário não vai ser gerado”, disse o ex-mandatário do BC.
Ainda de acordo com ele, o aumento na carga tributária terá que ser grande, caso a nova regra fiscal seja aprovada. “Nós vamos ter de aumentar a carga tributária e a pergunta que fica para, talvez, o ministro responder é quem ele vai escolher para subir a carga. Essa equação só fecha com aumento brutal de carga tributária”, contou Pastore.
O bancário afirmou também que “o simples fato de existir o arcabouço não leva à redução da taxa de juros. Ainda que o arcabouço fosse bom, o Banco Central não poderia fazer nenhum gesto. Ele teria de esperar que a inflação caísse para conseguir reduzir os juros. Não espero por parte do BC nenhum sinal nessa direção”, contou.
Arcabouço Fiscal: Claudio Cajado (PP-BA) será relator do projeto
O deputado Claudio Cajado (PP-BA) será o novo relator do projeto do arcabouço fiscal, segundo informação do colunista Lauro Jardim.
Cajado era apontado como o favorito para o posto e foi o escolhido por Arthur Lira (PP-AL) depois de longas negociações durante a semana passada. O deputado está no oitavo mandato e deve se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que, na semana que vem, entrega à Câmara o texto do projeto a ser apreciado.
Cajado ainda pode ser o relator de outro importante projeto do governo Lula neste ano, que deve ser o da reforma tributária.