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Executivos de dona do Starbucks no Brasil são investigados por fraude

A Polícia Federal investiga uma possível omissão de R$ 122 milhões em dívidas

Em meio ao processo de recuperação judicial do Starbucks para reorganizar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, a Polícia Civil de São Paulo está investigando possíveis crimes cometidos por executivos do grupo SouthRock, que administra a rede de cafeterias no Brasil. As acusações incluem estelionato, falsidade ideológica e apropriação indébita contra credores. No cerne das investigações está um empréstimo de R$ 75 milhões, que teria sido obtido mediante a manipulação dos balanços patrimoniais.

Os executivos da SouthRock, que detêm os direitos exclusivos das marcas Starbucks, Subway e TGI Fridays no Brasil, estão sob escrutínio no inquérito. A notícia surgiu em dezembro do ano passado e está relacionada a um financiamento realizado em 2022. Até o momento, de acordo com a defesa da credora Travessia, que denunciou o caso, nenhum pagamento foi efetuado. A SouthRock nega as acusações.

A informação, inicialmente divulgada pelo site Terra, menciona que executivos da SouthRock, incluindo o CEO Kenneth Steven Pope, o diretor financeiro Fábio David Rohr e o contabilista Marcos de Jesus Carvalho, estão sendo investigados por falsidade ideológica, estelionato e apropriação indébita.

As alegações indicam que, para facilitar a aprovação do financiamento em 2022, informações cruciais sobre as finanças do grupo foram alteradas ou omitidas deliberadamente.

Starbucks teria irregularidade nas contas

Documentos revelam que, durante a solicitação do empréstimo, foi apresentada pela Starbucks uma dívida consideravelmente menor do que a real, além de ocultar a existência de holdings com dívidas substanciais.

Em particular, o valor das obrigações financeiras, inicialmente declarado em R$ 187 milhões, foi posteriormente ajustado para R$ 267,7 milhões, sem mencionar outras dívidas de empresas do grupo que totalizam pelo menos R$ 400 milhões.

Starbucks é acusada de manipular royalties

O caso também envolve a manipulação de informações sobre royalties devidos à marca Starbucks e a alteração de credenciadoras de máquinas de cartão nos estabelecimentos do grupo, afetando as garantias do empréstimo obtido.

Além disso, informações recentes apontam para transações suspeitas envolvendo o CEO da SouthRock, com transferências de aproximadamente R$ 20 milhões para sua conta pessoal, não declaradas no processo de recuperação judicial ou nos demonstrativos financeiros da empresa.

Relembre a RJ da SouthRock, controladora da Starbucks

Em dezembro do ano passado, o juíz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, autorizou a Recuperação Judicial da SouthRock, companhia responsável pelas marcas StarbucksSubway e Eataly no Brasil. A empresa havia pedido proteção contra credores em 31 de outubro, alegando R$ 1,8 bilhão em dívidas.

Santos determinou como administradora judicial a Laspro Consultores Ltda., que já havia sido nomeada por ele como responsável pela perícia na SouthRock. Além disso, o magistrado ordenou que o plano de Recuperação Judicial do grupo seja apresentado em até 60 dias.

A autorização acontece cinco dias após a SouthRock conseguir uma vitória no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do tribunal reverteu uma decisão judicial e autorizou a empresa a não incluir o Subway e a retirar o Eataly do pedido de RJ.

Em nota, a SouthRock escreveu que, “com essa importante decisão, a companhia dará sequência ao processo de reestruturação de suas operações, já iniciado com o apoio de consultores externos e stakeholders, que tem como objetivo proteger as marcas que representa, os colaboradores, os consumidores e as suas lojas”.

Starbucks é negociada por Zamp (ZAMP3), dona do Burger King

Recentemente, a Zamp (ZAMP3), empresa que controla as franquias de fast-food, Burger King e Popeyes, no Brasil, negocia um acordo de aquisição da licença de operação da Starbucks no País, junto com a matriz norte-americana. Segundo apuração do “Valor Econômico”, as conversas tiveram início em dezembro de 2023.

Porém, a Zamp não foi a única a sondar a rede de cafeterias na sede, localizada na cidade de Seattle, EUA, a fim de propor um acordo. Segundo fonte do veículo, o fundo árabe Mubadala, sócio da Zamp, estaria conversando diretamente com a Starbucks, apresentando uma ideia de pegar o contrato de licenciamento. 

Ao mesmo tempo, outra fonte afirmou que existem contatos também para venda da operação da Starbucks no Brasil. Contudo, tais papéis seguem em mãos da SouthRock Capital, empresa que foi master licenciada da cadeia no país de 2018 a 2023. A Starbucks pediu recuperação judicial em novembro de 2023, por conta de dívidas totais estimadas em R$ 1,8 bilhão.