Os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) se tornaram atraentes para as pessoas físicas por conta de seus benefícios para este tipo de investidor, aliando renda passiva e exposição a um setor historicamente resiliente no País. Não à toa, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), os investidores individuais respondem por 96% das ofertas de Fiagro.
“O Fiagros permite que o investidor tenha acesso ao agronegócio e as pessoas físicas tem a isenção fiscal, o que atrai muitos para este tipo de investimento”, afirma André Ito, sócio da MAV Capital.
Criado em março de 2021, com o objetivo de proporcionar oportunidades de investimento em agronegócio para pessoas físicas ou jurídicas, o Fiagro visa aumentar o acesso da agropecuária à captação de recursos financeiros. O agronegócio é um dos setores que mais cresce e impacta o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
Para os investidores individuais, a tributação dos Fiagro é interessante pois oferece isenção de imposto de renda para pessoas físicas, enquanto pessoas jurídicas pagam 20% de imposto de renda.
“O Fiagro estende o benefício que empresas mais maduras tinham na emissão de CRA´s, mas agora o gestor pode selecionar a questão estrutural do produto quando ele realiza o investimento”,acrescenta Ito.
Não há incidência de imposto de renda sobre os rendimentos líquidos e os ganhos de capital são taxados a uma alíquota de 20%, tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas.
“O produto foi muito bem desenhado para trazer investimentos ao setor do agronegócio e o nicho de investidores deste mercado conseguem boas garantias de segurança e investimentos sólidos”, analisa analisa Felipe Solzki, gestor de FIIs e Fiagro da Galapagos Capital.
O Fiagro também foi moldado para se tornar mais atrativo ao setor agropecuário. Um exemplo disso é a possibilidade de pagamento de imóveis rurais com cotas deste fundo de investimento.
De acordo com dados da Anbima, o número de pessoas físicas detentores das ofertas saltou de 88% em 2021 para 95,8% nos três primeiros meses deste ano. As ofertas somaram R$ 1,88 bilhão entre janeiro e março de 2022, considerando tanto as abertas (CVM 400) quanto as de esforços restritos (CVM 476). O montante supera o volume ofertado em todo 2021, que atingiu R$ 1,23 bilhão – o primeiro fundo data de outubro do ano passado.
“O produto nasceu mais especificamente focado em pessoas físicas, igual os fundos imobiliários, mas neste tipo de investimento nós já temos uma categoria de investidor institucional já muito bem estabelecida, mas nos Fiagros ainda não existem fundos de fundos estabelecidos porque é uma categoria muito nova e temos uma incerteza em relação a regulamentação de Fiagros”, declarou Solzski.
Existem três categorias de investimento dentro do Fiagro: os Direitos Creditórios (Figro-FIDC), Imobilíarios (Fiagro-FII) e Participações (Fiagro-FIP).
O FIDC é um fundo de investimento em Direitos Creditórios, mais voltado para quando o fundo tem o foco na indústria do agronegócio ou quer entrar neste setor. O FII Fiagro visa investir especificamente em terras agrícolas e tem o objetivo de conseguir valorizar o capital e rentabilizar por meio das distribuições. O FIP (Fundos de Investimento em participações) de Fiagro abre as portas aos investidores para aquisições em empresas agrícolas.
O que esperar dos Fiagros para o futuro?
“No futuro, o mercado seguirá sendo predominantemente de pessoas fisicas”, analisa o gestor de FIIs e Fiagro da Galapagos Capital.
“É um instrumento que tem uma liquidez praticamente imediata e será sempre um investimento de longo prazo com potencial bastante interessante, pois o setor do agronegócio representa 27% da economia brasileira”.
Solzki ainda espera que o número de pessoas investindo em Fiagros aumente consideravelmente, principalmente dos investidores que já possuem negócios em FIIs.