O mercado financeiro já conta com inúmeras gestoras e marketplaces de produtos financeiros, mas não conta com tantas companhias de infraestrutura financeira. Foi pensando nisso que Pedro Salmeron, CEO da FIDD, criou a administradora, controladora, custodiante e distribuidora de fundos de investimento. Em entrevista ao BP Money, o executivo afirmou que os produtos da FIDD são direcionados aos investidores profissionais e que a empresa não tem o intuito de se tornar uma companhia B2C.
A FIDD tem perspectivas de atingir, até o final do ano, entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões sob administração. Para o final de 2023, as expectativas são ainda maiores. A administradora, que conta com R$ 5 bilhões sob gestão em fundos hoje, deve chegar a R$ 30 bilhões ao final do ano que vem.
“Pro ano que vem, temos a estimativa de que vamos dar um salto para R$ 30 bilhões, nas projeções de crescimento que tivemos nesses últimos meses. A gente terminou o ano passado com, mais ou menos, um R$ 1,5 bilhão. A gente estava, em março de 2021, com R$ 1,2 bilhão. Estamos, agora, com R$ 5 bilhões, e – provavelmente – vamos bater R$ 7 bilhões, R$ 8 bilhões neste ano”, disse Salmeron.
Veja também: Startup Muni vê Copa como oportunidade para crescer no Brasil
Salmeron afirmou que o cenário macroeconômico (e também político) pode influenciar bastante nos números da administradora. “Se, por exemplo, o Lula ganha a eleição e anuncia que vai ser Meirelles e Armínio Fraga no Ministério da Fazenda, e a curva de juros dá uma porrada pra baixo, o clima melhora. Aí, por exemplo, eu tenho uma monte de FIDCs aqui dentro que se tornam muito atrativos e começa a chover dinheiro dentro desses fundos, e aí dá um grande um salto de patrimônio líquido dentro dos fundos”, explicou o fundador da FIDD.
A ideia da FIDD é ser uma empresa independente, focada no serviço de prestação de serviço para fundos, e ir além do que os concorrentes fazem aqui no Brasil, segundo o CEO da empresa.
“A gente fala muito aqui que não quer pisar na grama do vizinho. A gente quer cuidar da nossa grama. É fazer isso muito focado e buscar um nível de excelência de qualidade, que não tem dentro do Brasil, que é já estabelecido na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia, tem várias empresas assim que ocupam nichos de mercado de prestação de serviço, de altíssima qualidade”, afirmou Salmeron.
A FIDD é um marketplace de produtos financeiros?
A resposta é: não. A administradora trabalha organizando a infraestrutura dos fundos, que serão oferecidos como produtos para gestores.
“A gente não quer ser um marketplace. Você tem marketplaces super importantes, tem a Nu Invest, tem a XP, tem a EQI, tem a Órama. Essas casas são marketplaces de produtos financeiros, são B2C. O nosso público alvo é o institucional. Investidor de maior capacidade financeira. Somos uma empresa B2B”, explicou Salmeron.
“O principal cliente que temos no mercado é esse gestor que é o formador da ideia, é o cara que pensa na estrutura, pensa na tese de investimento e toma as decisões de comprar ou vender ativos dentro do fundo”, complementou o executivo da FIDD.
Segundo Salmeron, a empresa trabalha com muito fundo alocador, como fundos da XP, por exemplo, que são encontrados nas plataformas de produtos financeiros para pessoas físicas.
Como a FIDD rentabiliza o negócio?
A FIDD cobra uma taxa padrão da indústria, que é basicamente um percentual sobre o patrimônio do fundo com valores mínimos. Segundo Salmeron, esse valor mínimo mensal atrelado ao variável, em cima do patrimônio líquido, é o que traz a rentabilidade para a administradora.
“Na hora que o patrimônio líquido sobe, você cresce também com a taxa. Você cobra em cima do patrimônio líquido, porque seu risco e a intensidade da operação é mais ou menos atrelado ao tamanho do patrimônio líquido do fundo. Quanto maior o fundo maior número de operações que ele faz, maior a complexidade e aí você ajusta isso na sua cobrança”, explicou Salmeron.
A FIDD conta, atualmente, com 80 veículos, e pretende fechar 2022 com 100 fundos, entre fundos que estão operando e fundos em montagem. “Para o ano que vem a ideia em número de fundos é bater 200 fundos”, disse Salmeron.
Segundo o CEO da FIDD, o principal desafio da empresa é aplicar, organizar fluxos e estabelecer processos, a fim de garantir que os fundos “funcionem” da maneira correta.
“Para o longo prazo, a gente quer ser reconhecido no mercado como player de excelência. E a gente faz esse trabalho de relacionamento institucional”, disse Salmeron.
O CEO da FIDD também afirmou que a administradora ainda não tem uma estrutura de contas bancárias dentro do negócio, o que seria um objetivo para o curto prazo.
“Somos uma instituição financeira, mas a gente ainda usa a conta bancária do Itaú, do Bradesco, para fazer as movimentações dos fundos. A gente está criando essas contas agora. A gente está passando pelo processo com o BC para criar essas contas. Então a gente vai ser capaz de mandar TED, fazer Pix, mandar Pix, diretamente para a própria FIDD”, contou Salmeron.