Análise de especialistas

FIIs crescem na contramão de cenário econômico desafiador; entenda

A negociação de fundos imobiliários atingiu, em 2024, o maior patamar da história – cerca de R$ 285 milhões por dia

Imóveis
Foto: Pixabay

A negociação de FIIs (fundos imobiliários) atingiu, em 2024, o maior patamar da história – cerca de R$ 285 milhões por dia, segundo boletim mensal sobre o produto da B3 (Bolsa de valores).

Ainda de acordo com a B3, no mês anterior, cerca de 32 mil novos investidores ingressaram no mercado de FIIs, totalizando agora 2,677 milhões. A nível de comparação, em meados de dezembro de 2018, eram cerca de 208 mil investidores pessoas físicas.

Na avaliação de Erik Sala, analista da Blue3 Research, o crescimento no número de negociações está, justamente, ligado à popularização dos fundos. Sala pontua que a acessibilidade nos preços de cotas é um dos fatores que impulsiona os investimentos.

“Antigamente, a cota mínima do fundo era bem maior. Hoje, com R$ 10, você consegue comprar uma cota de um fundo imobiliário e o mínimo que você consegue comprar é uma cota. Ações, por exemplo, você vai ter que recorrer a um lote fracionado, nem sempre a liquidez e o preço são legais, enquanto o fundo imobiliário tem esse caráter, você pode comprar cota a cota e a partir de R$10”, destacou o especialista da Blue3.

Além disso, Sala associa o crescimento do mercado de fundos imobiliários a questões macroeconômicas, principalmente ligadas ao juros – que são de grande impacto para os FIIs. Segundo Erik, com os juros futuros caindo, há um movimento de valorização no mercado imobiliário.

“As pessoas estão olhando para esses juros caindo, para a Selic que o BC está cortando, vendo um CDB rendendo menos, outras aplicações rendendo menos e começam a procurar outros investimento. Os fundos imobiliários são um deles”, disse Sala, ressaltando, por fim, o caráter de isenção de IR (Imposto de Renda), outro fator atrativo.

Gabriel Barbosa, sócio da TRX Investimentos e gestor do TRXF11, reforça que o ciclo de cortes na taxa Selic, que já acontece por sete reuniões seguidas do Copom, beneficia o investimento no mercado imobiliário. “A taxa de juros saiu de 13,75 para 10,50. Ainda é um patamar elevado, mas, se compararmos com o ano anterior, há uma melhora”, pontou Barbosa.

O especialista também chama a atenção para a decisão do CNM (Conselho Monetário Nacional) de restringir a emissão de papéis incetivados – principalmente LCIs e LCAs, CRIs e CRAs.

De acordo com Gabriel, embora tenha havido redução na oferta de incentivados, como também são os FIIs, a demanda só cresce, incentivada, principalmente, pelo recuo da Selic.

FIIs: mercado promissor

Para o sócio da TRX Investimentos, o mercado de fundos imobiliários conversa com o perfil do investidor brasileiro, “que gosta de imóveis e de receber renda passiva”. As expectativas, por tanto, são lá em cima: segundo ele, os FIIs devem continuar crescendo.

“O mercado cresceu bastante o número de investidores mesmo em um período de alta da Selic, então, com esse movimento de queda agora, mesmo que ela seja menor do que o projetado anteriormente, acredito que esse mercado deve seguir crescendo, com a demanda dos investidores por produtos que pagam renda e, além disso, com o incentivo, de não ter tributação nos dividendos”, afirmou Gabriel Barbosa.

André Colares, sócio da Smart House Investments, gestora do SRME11, sublinha que a demanda por imóveis, comerciais e residencias, continua robusta, impulsionada por uma recuperaçao econômica gradual e o retorno das atividades presenciais.

“O mercado imobiliário brasileiro, atualmente, está marcado por uma combinação de estabilidade e crescimento. A demanda por espaços comerciais e residenciais continua forte, impulsionada por uma recuperação econômica gradual e grandes projetos de infraestrutura. A elevada taxa Selic tem mantido os rendimentos dos FIIs atraentes, especialmente os fundos de papel atrelados ao CDI”, diz Colares.

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