A negociação de FIIs (fundos imobiliários) atingiu, em 2024, o maior patamar da história – cerca de R$ 285 milhões por dia, segundo o boletim mensal sobre o produto da B3 (Bolsa de valores).
O último recorde foi de 2021, de R$ 269 milhões. No ano passado, a média diária de negociação fechou em R$ 244 milhões, como mostra o documento da Bolsa.
No recorte mensal, o volume médio negociado por dia em abril ficou em R$ 287 milhões, mesmo resultado de março. Nesta base de comparação, o patamar máximo foi verificado em setembro de 2023, de R$ 322 milhões.
Ainda de acordo com o boletim da B3, cerca de 32 mil novos investidores ingressaram no mercado de FIIs no mês passado, totalizando agora 2,677 milhões.
As pessoas físicas representam 76,2% do mercado, seguido dos institucionais, 17,9%, e dos não residentes, 4,5%. Os CPFs também respondem por 66,2% do volume financeiro do segmento.
Em março – último dado disponível –, o patrimônio líquido dos FIIs subiu para R$ 248 bilhões – acima dos R$ 240 bilhões do mês anterior. O valor de mercado dos fundos está em R$ 169 bilhões.
Selic a 10,5% ao ano favorece FIIs; veja análise
O estresse do cenário internacional levou o Copom (Comitê de Política Monetária) a reduzir o ritmo de cortes na taxa básica de juros da economia. De acordo com Pedro Gomide, especialista em aquisição e leilão de imóveis, a queda da Taxa Selic a 10,5% ao ano pode atrair mais pessoas para o mercado de fundos imobiliários (FIIs).
A taxa vinha de seis reduções consecutivas de meio ponto para um corte de 0,25 ponto em relação à reunião anterior, em março.
O profissional explica que a relação entre a Selic e os imóveis é direta, uma vez que a taxa básica de juros é usada como referência pelos bancos para definir as taxas de juros das parcelas de financiamento.
“Quando a Selic sobe, consequentemente, as parcelas do financiamento aumentam e impacta diretamente no bolso das pessoas”
Com essa mudança na trajetória do juros, o mercado espera por financiamentos mais acessíveis e prestações mais baratas.
Mas o cenário é favorável tanto para aqueles que buscam financiamento quanto para os investidores, a diminuição das taxas representa um estímulo significativo para atrair recursos e para o desenvolvimento de novas iniciativas.
O especialista em mercado imobiliário, que também é um dos sócios e educadores da Smart Leilões ainda completa explicando que o impacto não é percebido de forma imediata, mas sim gradualmente.
“Demora algum tempo para a redução da Selic refletir na diminuição da taxa de juros de créditos imobiliários, mas é uma forte tendência”, disse.
“Assim o mercado entra em expansão, porque as pessoas passam a investir mais, já que as parcelas estarão mais baratas, e as construtoras ficam trabalhando intensamente, pela alta demanda”, completa.
Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) que se concentram em títulos de crédito imobiliário, conhecidos como FIIs de papel, têm potencial para se beneficiar de uma redução mais gradual da taxa Selic.
Isso ocorre porque uma parte desses ativos está vinculada ao CDI, cujo movimento acompanha de perto a taxa básica de juros.
Em relatório setorial, o Itau BBA ressaltou sua perspectiva otimista para o mercado imobiliário no médio e longo prazo.