Os FIIs (fundos de investimento imobiliários) viram seu momento de ouro surgir entre 2018 e 2019, quando os investidores buscavam novidades fora da renda fixa, que estava abaixo dos padrões brasileiros, na casa de 2% ao ano. De lá para cá, o número de investidores cresceu 950%, saindo de 208 mil em 2018 para quase 2 milhões este ano, segundo levantamento da XP, feito com dados da B3 e Economatica.
O produto, que é de renda variável e tem as cotas negociadas em bolsa, vem caindo no gosto dos investidores pessoa física que buscam rendimentos mensais com isenção de imposto de renda, sendo um dos principais atrativos dos FIIs.
Em geral, quando as taxas de juros sobem, as cotas desses fundos caem. Entretanto, mesmo com a Selic a 13,75% ao ano, os FIIs seguem em ritmo de crescimento, um pouco mais lento que antes, mas para “alto e avante”, segundo o estudo.
“A grande alta foi nos anos que tivemos os juros baixos, principalmente a partir de 2019, quando começaram os ciclos de corte da Selic. Segundo dados da B3, nos anos de 2019 a 2022 tivemos um aumento por ano de: 310%, 182%, 132% e 127%, respectivamente”, afirma Daniel Chinzarian, analista de fundos de investimentos da XP, responsável pelo estudo, segundo o “Valor Investe”.
Ainda de acordo com o especialista, esses dados podem ser só o começo de uma tendência. O analista avalia que ainda há muito espaço para crescimento dessas carteiras.
Ele aponta que a própria demanda, vinda com o novo público, provocou o lançamento de novos fundos e fez com que o volume captado mais que triplicasse no período que vai de janeiro de 2018 a outubro de 2022, que foi de R$ 54 bilhões para R$ 191 bilhões. O número de fundos saiu de 173 para 350 no período analisado.
FIIs crescem mesmo com alta da Selic
O tipo de investimento seguiu em crescimento em decorrência da popularização dos fundos de papel, que contêm investimentos de crédito para o setor imobiliário e também se valorizam quando as taxas sobem, porque são geralmente atrelados ao CDI.
Outro fator destacado por Chinzarian é de que o investidor optou por ativos descontados do valor patrimonial e assim aumentar a renda passiva. Ou seja, com a queda no valor das cotas, a parcela de “dividendo” ou (retorno periódico) do fundo se tornou mais interessante.
Por fim, ele também cita que o possível ganho de capital com os fundos de tijolos no longo prazo também pode ser um fator motivante para entrada de mais investidores. Assim, os fundos teriam grande valorização na medida em que os imóveis que possui se valorizam com o tempo.
Segundo o analista, para 2023, a tendência é que os fundos de papel (como são chamados aqueles que investem em títulos) devem continuar com melhor rentabilidade.
“Com a Selic ainda na casa dos 2 dígitos, fica mais difícil para os FIIs de Tijolo, mas não descartaria algumas operações. Dito isso, os maiores destaques no curto e médio prazo serão os FIIs de Papel”, destacou.