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Fiscal atrapalhou? Ibovespa desaba; veja gatilhos

Segundo analistas, o “freio” no investidor foi, de certa forma, provocado pelo cenário fiscal no Brasil

Foto: CanvaPro/Ibovespa
Foto: CanvaPro/Ibovespa

O Ibovespa, que estava caminhando para uma alta sustentável após a boa notícia da elevação do rating do Brasil pela Moody’s, registrou queda nesta quinta-feira (3), fechando no vermelho com uma variação de 1,38%, a 131.671 pontos. O cenário pode ter sido afetado pelo quadro fiscal do Brasil.

A queda generalizada foi puxada especialmente pela Vale (VALE3) e por bancos como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4). De todo o índice, somente nove ativos fecharam em alta.

A contração poderia ter sido ainda maior, mas foi arrefecida pela alta da Petrobras (PETR4), que registrou elevação de 1,12%. A ação foi impulsionada pelo avanço do petróleo. Os contratos da commodity tipo Brent subiram 5% em meio ao conflito no Oriente Médio.

Segundo analistas, o “freio” no investidor foi, de certa forma, provocado pelo cenário fiscal no Brasil.

Nesta manhã, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, declarou que o governo não está usando mecanismos para liberar créditos extraordinários, fora do Orçamento, chegando a mencionar que parte desses gastos diz respeito à catástrofe no Rio Grande do Sul.

Já na quarta-feira (2), Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), afirmou que o Brasil precisa de um programa que gere uma percepção de choque fiscal positivo, se quiser conviver com a taxa Selic mais baixa.

“Apesar da elevação do rating do Brasil pela Moody’s, que beneficiou diversas empresas, os investidores seguem demandando prêmios maiores para alocar capital no país, o que continua pressionando as curvas futuras de juros”, disse, de acordo com o “MoneyTimes”, Anderson Silva, sócio da GT.

Moody’s: grau de investimento pode vir com ajuste fiscal neste governo

A vice-presidente para risco soberano da Moody’s, Samar Maziad, disse em entrevista à Folha de S. Paulo que o grau de investimento pode chegar ao Brasil ainda no governo atual, caso haja um ajuste fiscal nos gastos obrigatórios.

A agência melhorou a classificação de risco do país, elevando a nota de crédito de Ba2 para Ba1 – apenas uma nota de conquistar o grau de investimento.

Segundo a vice-presidente da Moody’s, o horizonte de perspectiva analisado para revisão de nota é de 12 a 18 meses. Assim, se houver manutenção de medidas de contenção de gastos, é possível que a perspectiva se mantenha positiva.

Samar demonstrou otimismo em relação à trajetória da dívida pública e metas fiscais, citando o aumento de receita previsto para este e o próximo ano, que, somado aos cortes anunciados, são compatíveis com o orçamento apresentado e o alvo para o resultado primário.

Na contramão do mercado, que estima piora no déficit, a vice-presidente entende que o governo deve entregar saldo primário semelhante ao deste ano.

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