A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil, em um relatório publicado na manhã desta quarta-feira (26). A classificação subiu de “BB-” para “BB”., a perspectiva é estável. Nesse sentido, o assessor de investimentos e responsável pela unidade da SVN BP Investimentos na região Sudoeste da Bahia, David Carneiro, e o assessor de investimentos na WIT Invest, Rodney Ribeiro, avaliaram a decisão e destacaram os principais efeitos.
Ribeiro afirmou que era de se esperar essa melhora no resultado da agência Fitch, uma vez que outras agências também subiram na avaliação do Brasil. “Com certeza esse resultado demonstra uma visão positiva, não necessariamente ligeira, pois conquistar cada degrau no processo de avaliação macroeconômica é um grande desafio”, destacou Ribeiro.
Em suma, essas agências de rating – Fitch, S&P e Moody’s – classificam qual o nível de risco de investir no mercado deméstico e americano, explicou o assessor da SNV BP Investimentos. Carneiro ainda destacou que essas agências, atualizam agora, mas estão olhando para o longo prazo, “prevendo como o mercado deve se comportar para ajudar o investidor global ter um direcionamento do que está acontecendo na economia”.
Recuperação do País
Para Ribeiro, o rating do Brasil ter sido elevado de ‘BB-‘ para ‘BB’, significa que o chamado risco soberano está mais baixo, trazendo um aumento da nota de crédito pode melhorar o custo dos empréstimos para o governo brasileiro; promovendo aos investidores um ânimo, que poderá diminuir a exigência de taxas que estão elevadas; confiança do mercado x inadimplência.
“Outro ponto, é que pode contribuir para a diminuição da dívida pública e a um aumento de investimentos em diversos setores da economia, como por exemplo, programas e projetos ligados à redução do custo-brasil”, acrescentou Ribeiro.
“A próxima etapa para que o Brasil acelere os resultados é importante que as taxas de juros deverá ser o próximo passo a ser conquistado”, ressaltou o assessor de investimentos da WIT Invest.
Grau de investimento
Dessa forma, Carneiro destacou que o Brasil tem apresentado uma melhora. “O Brasil já teve grau de investimento, ou seja, já estava acima da linha vermelha em outros momentos, mas ao longo dos anos se perdeu, e agora enfrentamos esse desafio de recuperar”, afirmou.
“A expectativa é que a gente assuma em algum momento – todo mundo quer isso – o grau de investimento, que ajudaria a trazer mais atratividade para o nosso mercado”, ressaltou o assessor.
Nessa perspectiva, Carneiro destacou que existem, inclusive, alguns investidores globais que só podem investir em mercados que têm o grau de investimento, então em teoria, o Brasil estaria bloqueado para receber esses recursos momentaneamente.
Em vista disso, Ribeiro afirmou que o grau de investimento traz sustentação e confiança na economia, “não somente na chamada economia doméstica, mas em todas as frentes””
“Imagina que você tem uma empresa e realiza negócios com seus vizinhos da rua e com pessoas de outras regiões. Porém com o passar dos anos, você foi atrasando a entrega de produtos, pagando mal seus fornecedores, demitindo pessoas competentes e diminuindo a faixa salarial. Com tudo isso a sua credibilidade vai diminuindo e, aqueles que buscavam realizar investimentos em parceria com você começam a ficar ressabiados, ao ponto de diminuírem o fluxo de negócios, ou até mesmo pararem com eles”, exemplificou Ribeiro.
Pontos da Agência Fitch
O assessor listou alguns pontos que foram levando em consideração pela agência Fitch para a decisão, entre eles estão, a trajetória fiscal; projeção de dívida do país; arrecadação, “ou seja, quanto eu gasto, quanto eu já devo, quanto às projeções indicam que eu posso ficar mais insolvente, qual custo dessa dívida, se essa dívida é em real ou moeda internacional”, explicou.
Portanto, Carneiro destacou que diversas razões contribuíram para essas melhorias e avanços na escala de risco do Brasil. Entre outros fatores como a efetividade das políticas implementadas, o sucesso no controle das finanças públicas através de medidas de ajuste fiscal, a solidez do arcabouço fiscal adotado e o progresso na realização da reforma tributária. “Todas essas iniciativas têm sido determinantes para elevar a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do país para “BB” e estabelecer uma perspectiva estável”, afirmou.
Impactos da decisão da Fitch
A decisão da Agência Fitch anunciada ao mercado nesta quarta-feira (25), para Ribeiro, é uma porta de oportunidades para mais investimentos no País. “A decisão da Fitch pode afetar o mercado de ações brasileiro, já que os investidores podem ficar mais entusiasmados, mais confiantes em relação ao país, aumentando assim seus investimentos no Brasil”, explicou.
Nesse cenário, Ribeiro afirmou que o efeito colateral da decisão é um possível aumento nos preços das ações das empresas brasileiras. “Outro ponto, é a possibilidade da valorização da moeda nacional, tornando-a mais atrativa aos olhos de estrangeiros”.
No entanto, Ribeiro ressalta que o impacto da decisão da Fitch é um bom resultado, porém, é preciso lembrar que muitas ações precisam ser realizadas no campo estrutural, “bem como as reformas precisam ainda serem implantadas e reestruturadas, como a melhora na performance dos gastos com serviço da dívida do setor privado, que ainda é muito alto”.