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Fitch tem perspectiva neutra para bancos brasileiros em 2024

Agência avalia que novos cortes na Selic devem aumentar a pressão nos tetos de juros para consignados

A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribui perspectiva “neutra” para o setor bancário brasileiro em 2024. Para a agência, o aumento da quantidade de créditos em atraso deve ser contrabalançado pelo significativo progresso na redução do risco de balanços e no maior conservadorismo de subscrição nos últimos 18 meses.

Dos nove critérios avaliados pela Fitch, sete estão com perspectiva “neutra” para os bancos de grande porte brasileiros este ano: ambiente operacional; perfil de negócios; perfil de risco; qualidade dos ativos (inadimplência); qualidade dos ativos (custos de crédito); captação; e liquidez. E dois estão com perspectiva “melhorando com relevância moderada”: resultados e rentabilidade; e adequação de capital.

Para os bancos de pequeno porte, a situação é um pouco diferente. São sete critérios com perspectiva “neutra”: ambiente operacional; perfil de negócios; perfil de risco; qualidade dos ativos (custos de crédito); captação; liquidez; e resultados e rentabilidade. E dois com perspectiva “deteriorando com relevância moderada”: qualidade dos ativos (inadimplência); e adequação de capital.

No relatório, a Fitch aponta para os riscos trazidos por pressões regulatórias e diz que novos cortes na Selic devem aumentar a pressão nos tetos de juros para consignados. “As discussões entre autoridades e bancos para reduzir os juros dos cartões de crédito também podem afetar negativamente parte das receitas dos bancos.”

Segundo a agência, os grandes bancos estarão melhor posicionados para absorver mudanças, mas as instituições de nicho ficarão em posição relativamente mais fraca, devido a seus modelos de negócio menos diversificados.

Moody’s: nova regra do rotativo são negativas para bancos

A agência de avaliação de risco Moddy´s, avalia que a nova regra do rotativo do cartão de crédito, que passa a vigorar no Brasil a partir desta terça-feira (2), é negativa para a rentabilidade futura dos bancos.

A partir de agora, o juro no rotativo do cartão não poderá ultrapassar 100% do valor principal da dívida. Dessa forma, a dívida total de quem atrasa a fatura do cartão de crédito não poderá superar o dobro do débito original. Atualmente, os juros do rotativo estão na casa de 430% ao ano.

Em relatório, a agência diz que a limitação da dívida restringirá o crescimento ou reduzirá as cobranças de juros e receitas das operações de cartão.

“Os volumes de transações serão afetados negativamente pelo apetite de risco reduzido dos bancos para emitir cartões para novos clientes, especialmente para os de baixa renda”, diz a Moody’s. “Os bancos têm reduzido o apetite de risco para esse segmento dado o nível ainda muito alto das taxas de juros e o endividamento recorde das famílias.”

Para a agência, os grandes bancos comerciais, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), Caixa e Banco do Brasil (BBAS3), que concentram 63% do mercado de cartão de crédito do Brasil, devem ser afetados. Também serão impactadas instituições especializadas que mantêm um modelo de negócios centrado no financiamento do consumo, como Nubank (ROXO34), C6, Pan e Inter.