Verticalização na Saúde

Fleury salta 15% com rumores de compra pela Rede D’Or

Companhias dizem não haver acordo, mas mercado vê sinergias em potencial

Foto: Rede D'Or/reprodução
Foto: Rede D'Or/reprodução

As ações da Fleury (FLRY3) dispararam nesta segunda-feira (21) após notícias de que a Rede D’Or (RDOR3) estaria preparando uma oferta para adquirir a empresa de diagnósticos.

O movimento é interpretado como mais um passo da Rede D’Or na verticalização de sua operação na saúde suplementar.

Apesar dos rumores, as companhias informaram que não há acordo para unificação dos negócios.

Às 10h27 do horário de Brasília, os papéis da Rede D’Or subiam 0,40%, a R$ 33,05, enquanto as ações da Fleury chegaram a disparar 16,7% e foram colocadas em leilão. Ao retomarem negociações, subiam 15,04%, a R$ 14,53.

O que dizem os analistas?

Para o Goldman Sachs, a possível aquisição faria sentido estratégico. A integração pode gerar ganhos com compras mais eficientes, estrutura administrativa mais enxuta e maior poder de negociação com planos de saúde.

A casa lembra que, em 2021, a Rede D’Or já havia sinalizado interesse pelo setor ao tentar comprar a Alliar.

Do lado da Rede D’Or, o negócio ampliaria sua atuação ao longo da jornada do paciente, reforçando seu posicionamento como prestadora completa de serviços, da atenção primária à hospitalização e diagnósticos.

O banco também destaca a capacidade financeira das duas empresas para viabilizar a transação, mesmo se for 100% em dinheiro.

Bradesco BBI: avanço estratégico

O Bradesco BBI também avalia o negócio como positivo, destacando a possibilidade de acelerar a expansão da Fleury com o apoio da SulAmérica, além da abertura de novas unidades.

Sinergias administrativas e operacionais são vistas como prováveis, especialmente considerando que a Rede D’Or já atua em diagnósticos com a marca Richet, no Rio.

Segundo o BBI, a operação aumentaria a contribuição do segmento de diagnósticos ao EBITDA da Rede D’Or em 18 pontos percentuais. Também consolidaria a posição do grupo como prestador de serviços, com marcas fortes e reconhecidas no setor.

O banco avalia que o CADE não deve ser um obstáculo, já que a Rede D’Or tem pouca exposição em diagnósticos ambulatoriais.

O valuation da Fleury, negociada a 9,2 vezes lucro projetado para 2026, é considerado atrativo, especialmente em comparação a pares americanos e à própria Rede D’Or (15 vezes).

BTG: sinergia sem mudar o controle

O BTG Pactual também vê sinergias na operação, como ganho de escala em vendas, administração e receitas.

Para o banco, a Fleury fortaleceria a presença diagnóstica da Rede D’Or e ajudaria na captação de pacientes, sem que isso alterasse significativamente a estrutura de controle da companhia, hoje avaliada em cerca de R$ 75 bilhões, frente aos R$ 7 bilhões da Fleury.

O banco aponta ainda a participação relevante do Bradesco no capital da Fleury (25%) e a proximidade recente entre o banco e a Rede D’Or como fatores que aumentam a viabilidade da transação.

DASA e impacto concorrencial

Já para a DASA, o negócio seria levemente negativo, na avaliação do BBI, por indicar uma possível desaceleração na expansão da SulAmérica em diagnósticos, o que pode limitar o crescimento de concorrentes no setor.

Recomendação de compra

Goldman Sachs e Bradesco BBI reiteraram recomendação de compra para as ações da Rede D’Or, com preços-alvo de R$ 41 e R$ 34, respectivamente.

O BTG também reforçou sua preferência pela Rede D’Or no setor e recomendou compra para Fleury, citando valuation atrativo e dividend yield estimado de 9%.