Os Fiagros, fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais, enfrentam um momento delicado no mercado, uma vez que o setor agro enfrenta dificuldades devido à queda nos preços das commodities e ao aumento dos custos.
Esta combinação tem resultado em um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial no setor, refletindo em uma queda generalizada dos ativos.
De acordo com um levantamento realizado pela Bloxs Capital Partners a pedido do Valor, aproximadamente 88% dos Fiagros apresentam desempenho negativo no mercado secundário, ou seja, tiveram uma queda no valor de mercado no acumulado do ano.
Em média ponderada, a queda desses ativos é de 8,48%.
A maioria dos Fiagros é formada por certificados de recebíveis agrícolas (CRAs) de produtores rurais ou empresas relacionadas ao setor, como cooperativas, fornecedores de insumos, frigoríficos e indústrias de laticínios.
Esses nomes são menos conhecidos no mercado em comparação com as grandes corporações agroindustriais de capital aberto.
CRA Fiagro também sentem impacto
Com a crise financeira atingindo algumas empresas do setor, diversos CRAs que compõem os Fiagros estão inadimplentes. Por exemplo, após a recuperação judicial do grupo Elisa Agro, da família Mitre, o CRA emitido por Mitre está inadimplente.
Outro exemplo é o Três Irmãos, que enfrenta dificuldades para manter os pagamentos após a Agropecuária Três Irmãos Bergamasco solicitar proteção contra credores.
Esses calotes impactaram a maioria dos fundos. Um estudo da Bloxs Capital Partners, solicitado pelo Valor, revela que, dos 27 Fiagros analisados, apenas sete não têm operações em default, atrasos de pagamentos ou “waivers”, que são negociações para “perdão” de dívidas.
No entanto, as posições inadimplentes representam apenas 2% do patrimônio total desses Fiagros, que somam R$ 9,9 bilhões.
O levantamento excluiu fundos com pouca negociação, fundos exclusivos com poucos cotistas e os listados recentemente, que dificultariam comparações.
Atualmente, há 36 Fiagros negociados na bolsa brasileira, um aumento significativo em relação aos 26 no início do ano passado e aos nove no início de 2022.
Pessoas físicas detêm 93% desses produtos, conforme dados da B3. O patrimônio total de todos os Fiagros listados atualmente é de R$ 14,5 bilhões.