O superintendente de securitização de agronegócio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Bruno Gomes, disse que a regulação definitiva dos Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) “sairá em outbro”.
A nova norma possibilitará que um único fundo invista em diferentes tipos de ativos, criando uma espécie de “Fiagro multimercado”.
Para a professora de Ciências Contábeis do Ibmec Rio de Janeiro, Gecilda Esteves Silva, o “Fiagro multimercado” vem para “garantir maiores retornos ao investidor”.
“A criação do Fiagro multimercado permite que, dentro de um mesmo fundo, você tenha, por exemplo, recebíveis, selos de produtos rurais com liquidação financeira, instrumentos de crédito para o agro, imóveis, inclusive participação em sociedades limitadas”, explicou o especialista em Mercado de Capitais do VBSO Advogados, José Alves Ribeiro Junior.
Ribeiro explicou que, com a nova modalidade, o investidor terá a possibilidade de manusear os ativos de diferentes formas, com diferentes níveis de risco/rentabilidade. Ele acrescentou que será possível “compor uma carteira que seja diversificada e que atenda a diferentes perfis de investidores”.
Com isso, os especialistas ouvidos pelo BP Money apontaram que a possibilidade de um “Fiagro multimercado” pode gerar ainda mais retorno para os investidores.
Segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), em maio, a captação líquida dos Fiagros somou R$ 88,4 milhões. No acumulado do ano até maio, os aportes superaram os saques em R$ 652,3 milhões.
Como funciona o ‘fiagro multimercado’ na prática
Ainda na percepção do especialista de Mercado de Capitais da VBSO Advogados, na prática, o gestor dos Fiagros vai mapear oportunidades de investimento. Isso porque, quando a oferta de cota é feita, é possível ver a estratégia perseguida pelo fundo.
“Então, dentro dessa estratégia do gestor, ele vai poder, a partir da criação do Fiagro multimercado, combinar diferentes tipos de ativos com diferentes tipos de risco, com diferentes níveis de liquidez que podem se complementar”, explicou ele.
Além disso, ele pontuou que, quando se compra um ativo real, por exemplo, podem haver problemas de liquidez. Podem haver contratempos como reformas iniciais de uma fazenda, tratamento de pasto, plantação etc.
“Isso pode ser contrabalanceado com a possibilidade de comprar uma carteira de recebíveis de natureza comercial dentro desse fundo, que pode acontecer logo que sair a regra nova”, complementou.
“O risco de comprar a cota de um Fiagro de direitos creditórios é muito diferente de comprar a cota de um Fiagro que investe em participações em sociedades limitadas, em agtechs, por exemplo. Os dois têm o seu nível de risco, mas que têm uma matriz diferente”, concluiu.