O IFIX, índice de referência dos fundos imobiliários da B3 (B3SA3), cravou o terceiro mês seguido de ganhos e encerrou abril próximo de seu recorde histórico. Aos 3.413 pontos, o índice está a apenas 0,36% da máxima, registrada em 3.423,95 pontos exatamente um ano atrás.
“O saldo da classe nos últimos meses demonstra que, apesar de um cenário econômico incerto — tanto do ponto de vista da política monetária quanto da política fiscal — os fundamentos da classe continuam sólidos”, afirmou Victor Sartori, analista da Levante Inside Corp, ao jornal Valor.
Após um início de ano turbulento, quando o IFIX acumulou cinco meses consecutivos de queda até janeiro, os FIIs (fundos imobiliários) começaram a reagir à pressão vendedora que marcou a virada de 2024 para 2025.
IFIX: aversão ao risco aumentou com ciclo de alta da Selic
No final do ano passado, a aversão ao risco ganhou força no mercado com o início de mais um ciclo de alta da Selic (taxa básica de juros). Em setembro, o Banco Central elevou a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Na reunião seguinte, em novembro, houve nova alta de 0,50 ponto, levando a Selic a 11,25%.
Após esse movimento, entre novembro e março, ocorreram mais três aumentos de 1 ponto percentual cada, que elevaram a Selic para 14,25% ao ano.
Paralelamente à escalada dos juros, as incertezas em relação ao cenário fiscal e à capacidade do governo de honrar seus compromissos públicos pressionaram ainda mais o mercado. Segundo Sartori, esse ambiente levou as taxas dos títulos do Tesouro Direto a patamares recordes.
“Nesse período, as taxas dos títulos públicos indexados ao IPCA alcançaram níveis que não eram vistos desde o governo Dilma”, destacou o analista.
Além da dinâmica de juros e do risco fiscal, a possibilidade de tributação sobre a receita dos FIIs levantou preocupações adicionais entre os investidores da classe no início deste ano.