Em um cenário onde os juros estão elevados, o prêmio de risco exigido pelo mercado aumenta. Consequentemente, os preços dos ativos como um todo podem recuar.
“Apesar disso, essa baixa nos preços também pode configurar uma boa oportunidade de compra de ativos descontados. Para os fundos de fundos, por exemplo, pode ser um bom momento para realizar alocações”, disse ao BP Money Alexandre Despontin, CEO da Mérito. A empresa busca reforçar investimentos em desenvolvimentos imobiliários.
Despontin explicou que, de modo geral, em épocas de juros altos, investidores direcionam o capital para a renda fixa, e a oferta por terrenos tende a diminuir. Isso porque, segundo ele, além dos ativos listados na bolsa, “também verificamos oportunidades na compra de terrenos para o desenvolvimento imobiliário”.
Com isso, os fundos que atuam com incorporação imobiliária são capazes de identificar bons retornos com preços atrativos.
“Assim, apesar da alta de juros gerar uma pressão nos preços dos FIIs (fundos imobiliários) no curto prazo, os fundos que souberem aproveitar a oportunidade para realizar boas aquisições tendem a entregar bons resultados no médio/longo prazo”, comentou o CEO.
Dessa forma, as gestoras desses fundos podem gerar um impacto positivo nos preços das cotas e na distribuição de proventos no futuro.
Na última quinta-feira (19), o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano. A decisão foi unânime entre os membros do Comitê.
FIIs podem trazer ‘segurança’ mesmo com as variações dos juros, diz analista
Na perspectiva de Brino Corano, economista e investidor da Corano Capital, o cenário de redução da taxa de juros é a tendência atual. Com isso, ativos de renda fixa deixam de ser tão atrativos e investidores passam a migrar para outros produtos.
“Os fundos de investimento imobiliário, os FIIs, são alguns dos produtos atraentes, porque, quando bem selecionados, têm uma certa segurança e conseguem superar os retornos da renda fixa, oferecendo uma certa previsibilidade de volatilidade”, disse ele.
Além disso, Jonata Tribioli, especialista em investimentos imobiliários e diretor de operações da Neoin, apontou que, num cenário de alta dos juros, as cotas de FIIs do tipo tijolo — que investem em imóveis físicos, como edifícios comerciais, shoppings, etc. — podem ser prejudicadas.
Por outro lado, os juros altos podem ser positivos para cotas de FIIs de papel — que investem em títulos relacionados ao setor imobiliário. Tribioli explicou que esses ativos são beneficiados, pois seus rendimentos aumentam, tornando-os atrativos.
Com isso, os FIIs de papel, especialmente os que investem em CRIs (Certificado de Recebíveis imobiliários), tendem a se destacar.
Além disso, na perspectiva do cenário atual, com a Selic em 10,5% ao ano, Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, apontou que os fundos com ativos atrelados ao CDI devem ter uma distribuição de dividendos mais alta por mais tempo.
“Basicamente, há poucos fundos que são 100% CDI (Certificado de Depósito Interbancário), alguns fundos são híbridos, eles têm uma parcela da carteira que carregam, que são CDI e mais alguma coisa, e têm uma parcela que é IPCA ou IGPM”, comentou Benassi.
Assim, ele também acrescentou que, em sua visão, o CDI deve ficar mais alto por mais tempo. Em contrapartida, os fundos que “pagam IPCA+” devem distribuir menos dividendos.