Inspirado no mercado externo

Private equity: troca de ativos entre fundos cresce por falta de IPOs

A retirada de fundos estrangeiros do Brasil também tem sido um dos fatores que têm impulsionado a venda de carteiras

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O private equity HSI, compra hotel em Copabana (foto: Hilton CopacabanaDivulgação)

Entre as 75 operações de private equity conduzidas em 2023 no território nacional, nove englobam a alienação de ativos entre fundos, em contraste com apenas uma computada em 2022. As informações foram divulgadas pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

O movimento entre os private equity é reflexo de um cenário de uma saída mais desafiadora na Bolsa de Valores brasileira, a B3, e um interesse restrito de investidores estratégicos.

Os fundos de private equity intensificaram as operações no mercado secundário no ano anterior, com ativos transferindo-se de carteira entre as administradoras. 

As transações abrangem não apenas a venda de um ativo, mas também a alienação de toda a carteira entre gestores ou para outra entidade do mesmo conglomerado. 

Nesse contexto, essa abordagem permite uma agilidade na estratégia de investimento, possibilitando o retorno imediato para um grupo específico de cotistas.

Embora esse tipo de operação seja mais comum em mercados internacionais, sua prática ainda é pouco expressiva no Brasil. 

No entanto, Priscila Rodrigues, presidente da Abvcap, acredita que, com o vencimento do prazo de investimento de alguns fundos e a necessidade dos gestores de desfazerem os últimos ativos em carteira, podemos esperar novas transações secundárias em breve.

Além disso, a retirada de fundos estrangeiros do Brasil também tem sido um dos fatores que têm impulsionado a venda de carteiras. Um exemplo ocorreu em 2021, quando a Carlyle vendeu sua operação para a gestora SPX, em uma transação envolvendo portfólios.

Private equity: HSI compra hotel Hilton Copacabana 

A private equity brasileira focada em imóveis, a HSI, adquiriu, em fevereiro, o hotel Hilton Copacabana da Blackstone, gestora que também revisou sua presença no país.

Por outro lado, a IG4 Capital, presente no mercado brasileiro e regional, alienou a posição de seu fundo na operadora de hospitais Opy Health para um fundo do BTG, permitindo a saída de seus investidores, mas permanecendo como gestora, em um modelo conhecido como continuation fund. 

O Pátria, diante do prazo de um de seus veículos, transferiu a posição do Fundo VII na empresa de foodservice Delly’s para o Fundo V, em uma negociação que também envolveu a entrada do CVC Capital Partners na empresa.

Outro exemplo é a Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas e Eletronuclear, que contratou a gestora Carbyne Investimentos para desinvestir sua participação em fundos de private equity. Isso faz parte da revisão da estratégia de investimento da fundação, que busca diversificar sua carteira.