Renda fixa

Selic a 10,5% ao ano favorece FIIs; veja análise

A taxa vinha de seis reduções consecutivas de meio ponto para um corte de 0,25 ponto em relação à reunião anterior, em março

Foto: unsplash
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O estresse do cenário internacional levou o Copom (Comitê de Política Monetária) a reduzir o ritmo de cortes na taxa básica de juros da economia. De acordo com Pedro Gomide, especialista em aquisição e leilão de imóveis, a queda da Taxa Selic a 10,5% ao ano pode atrair mais pessoas para o mercado de fundos imobiliários (FIIs).

A taxa vinha de seis reduções consecutivas de meio ponto para um corte de 0,25 ponto em relação à reunião anterior, em março.

O profissional explica que a relação entre a Selic e os imóveis é direta, uma vez que a taxa básica de juros é usada como referência pelos bancos para definir as taxas de juros das parcelas de financiamento. 

“Quando a Selic sobe, consequentemente, as parcelas do financiamento aumentam e impacta diretamente no bolso das pessoas”

Com essa mudança na trajetória do juros, o mercado espera por financiamentos mais acessíveis e prestações mais baratas. 

Mas o cenário é favorável tanto para aqueles que buscam financiamento quanto para os investidores, a diminuição das taxas representa um estímulo significativo para atrair recursos e para o desenvolvimento de novas iniciativas.

O especialista em mercado imobiliário, que também é um dos sócios e educadores da Smart Leilões ainda completa explicando que o impacto não é percebido de forma imediata, mas sim gradualmente.

“Demora algum tempo para a redução da Selic refletir na diminuição da taxa de juros de créditos imobiliários, mas é uma forte tendência”, disse. 

“Assim o mercado entra em expansão, porque as pessoas passam a investir mais, já que as parcelas estarão mais baratas, e as construtoras ficam trabalhando intensamente, pela alta demanda”, completa.

Impacto da Selic nos FIIs

Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) que se concentram em títulos de crédito imobiliário, conhecidos como FIIs de papel, têm potencial para se beneficiar de uma redução mais gradual da taxa Selic. 

Isso ocorre porque uma parte desses ativos está vinculada ao CDI, cujo movimento acompanha de perto a taxa básica de juros.

Em relatório setorial, o Itau BBA ressaltou sua perspectiva otimista para o mercado imobiliário no médio e longo prazo. 

“Considerando o atual patamar da taxa de juros, avaliamos que os fundos imobiliários continuarão com uma boa relação de risco-retorno em comparação a outras classes de ativos” avaliou o documento. 

E o mercado de renda variável?

Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital aponta que essa mudança na política monetária exige uma abordagem mais cautelosa e diversificada.

Nobile afirma que uma das recomendações é considerar fundos de investimento que tenham exposição ao mercado internacional, especialmente ao mercado americano.

De acordo com análises, empresas de alta qualidade que estão inseridas no mercado global apresentam um potencial significativo de retorno e estabilidade.

Isso se deve ao fato de que essas empresas não dependem apenas do cenário econômico dos EUA, mas também possuem receitas provenientes de outros mercados, incluindo a América Latina e o Brasil.

“Essas empresas que são de alta qualidade são uma boa alternativa porque ao contrário do que o investidor pensa, essas empresas não são simplesmente americanas, elas são conglomerados globais, então boa parte da receita delas vem fora dos EUA, Europa, Ásia, muitas vezes a América Latina também” , avaliou.

O especialista destaca que o momento também é propício para reforçar a importância da análise cuidadosa do perfil de investimento de cada indivíduo. 

A busca por fundos que apresentem uma gestão qualificada e estratégica, aliada a uma diversificação adequada, pode ser fundamental para enfrentar as variações do mercado e aproveitar as oportunidades que surgem, mesmo em tempos de incerteza.