A possibilidade de fusão entre a EMS e Hypera (HYPE3) fez barulho no mercado financeiro, sobretudo no setor farmacêutico. De acordo com o Pipeline, a proposta da EMS envolve uma OPA (oferta pública de aquisição) de até 20% das ações da Hypera por R$ 30 e o restante em troca de ações.
Após o anúncio da proposta, as ações da Hypera passaram a oscilar no Ibovespa. Na segunda-feira (21), por volta das 14h50 (horário de Brasília), as ações subiam cerca de 5%. No entanto, o ânimo virou novamente e os papéis voltaram a cair 0,16%, por volta das 15h38.
Nesta terça (22), às 13h40 (horário de Brasília), as ações da gigante farmacêutica subiam 4,09%, cotadas a R$ 27,23. O movimento de sobe-e-desce acompanha a avaliação de analistas do mercado, que dividem as opiniões quanto à concretização do negócio.
De acordo com Marcelo Inoue, head de equity research da Perfin Equities, a fusão criaria um líder incontestado em tamanho no setor, com muito mais poder de barganha nas compras e capilaridade nas vendas.
“A empresa resultante seria um veículo de investimento no setor de medicamentos de grande porte, controlado por um empreendedor vindo do setor, o Carlos Sanchez, e que estaria muito alinhado com o acionista, pois parte majoritária do patrimônio dele estaria investido na empresa”, avaliou Inoue.
Portanto, enquanto alguns analistas veem baixa probabilidade de o negócio seguir em diante, Marcelo pontuou que a fusão pode acontecer, a depender do acerto entre a EMS e o controlador da Hypera.
“Do lado da EMS, eu não vejo as chances como baixas. O timing é bom, pois a empresa está desalavancada e entregando bons resultados, e poderia dobrar de tamanho comprando a Hypera”, disse o head de equity research da Perfin.
Analista aponta que ‘complexidades regulatórias’ podem afetar possível fusão
Entre os fatores que podem dificultar a negociação estão as complexidades regulatórias e a possível resistência dos acionistas da Hypera, que podem não ver vantagens suficientes no acordo. A afirmação é de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
A observação de Lima é reforçada pelo fato de que a proposta de fusão inclui uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) de 20% dos papéis a R$ 30,00. Isso representa um prêmio de 39% em relação ao valor atual das ações.
“Esse valor pode ser considerado baixo em um cenário de alta volatilidade para as ações da Hypera, o que pode desestimular o acordo”, acrescentou Lima.
“Outro ponto é que a integração das operações seria desafiadora devido à diferença nos modelos de negócios: a Hypera é mais focada em medicamentos de marca e MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição), enquanto a EMS domina o mercado de genéricos”, completou.
‘Potencial de ganhos de escala’ favorece a operação e impacta o setor
“O que favorece a fusão é o potencial de ganhos de escala, maior capacidade de inovação e uma posição de liderança em múltiplos segmentos do mercado farmacêutico”, declarou Lima.
Ambas as partes podem ser atraídas pelas sinergias em distribuição e logística, além da complementaridade dos portfólios de produtos.
Caso a operação seja concretizada, haverá um forte impacto no setor farmacêutico, considerando que a criação de uma nova gigante combinaria a força da EMS no mercado de genéricos com a experiência da Hypera em produtos de marca e OTC (over-the-counter).
Segundo o analista, isso criaria uma empresa com poder de barganha incomparável. “Isso poderia levar a uma maior concentração de mercado, pressionando os concorrentes a buscar fusões ou aquisições para manter a competitividade”, concluiu.