
A eventual fusão entre as operações da Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), prevista em um memorando de entendimento assinado na quarta-feira (15), tende a fortalecer o setor de aviação e até ampliar o número de destino aéreos nacional, afirmou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Porém, o ministro também reclamou da alta concentração no mercado brasileiro de aviação civil. Costa Filho tem se queixado de que a Latam, Gol e Azul dominam, juntas, 98% do mercado brasileiro, desde que assumiu o comando da Casa, em setembro de 2023.
Quanto ao risco de a aproximação entre Gol e Azul piorar esse quadro, ele declarou que as estimativas é que as empresas mantenham a independência, considerando a configuração do acordo preliminar anunciado ao mercado prevê que elas vão atuar como uma “federação partidária”.
“Encaro uma possível fusão como a federação. Eles vão se fortalecer. Pensando no fortalecimento da aviação, pelo que entendi, eles vão querer preservar a autonomia financeira e a autonomia de governança”, disse Costa Filho.
O governo precisa buscar alternativas para tornar as empresas mais fortes, afastando risco à operação, segundo o ministro.
“O intuito nosso, da Secretaria Nacional de Aviação, é que a gente possa continuar na agenda do fortalecimento da aviação brasileira. O pior cenário para o Brasil seria que essas empresas quebrassem (…) A gente precisa agora oferecer uma mão amiga para poder cuidar desses ativos do Brasil”, afirmou.
Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) disparam com anúncio de fusão
As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) operam em alta nesta quinta-feira (16), após o anúncio de uma possível fusão das duas empresas. Por volta das 11h30 (horário de Brasília) as ações da Gol subiam 11,04%, cotadas a R$ 1,81, e a Azul disparava 6,12%, a R$ 4,68.
As discussões para a fusão avançaram após a Gol entrar com pedido de reestruturação nos EUA. Se for concretizada, a combinação das duas companhia formaria uma gigante da aviação, com 60% do mercado doméstico, ultrapassando a Latam, que tem 40% do mercado, de acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A notícia sobre a possibilidade de fusão foi divulgada pelo grupo Abra, controlador da Gol, na quarta-feira (15). Segundo a empresa, um memorando de entendimento para a união das empresas no Brasil foi assinado com a Azul.
Memorando corresponde à fase inicial das negociações entre as empresas
O movimento corresponde à fase inicial das negociações, com o objetivo de “explorar a viabilidade de uma possível transação”, informou a Gol em comunicado. Se a fusão for concretizada, as duas empresas devem manter a independência de suas marcas e certificados operacionais.
“As melhorias nas ofertas aos clientes e as eficiências geradas por esta operação permitirão que a entidade resultante continue crescendo e desenvolvendo a aviação no Brasil, através de uma malha que serve o maior número de destinos no Brasil, apoiada por uma frota flexível, com foco na excelência do atendimento”, afirmou a Azul, em comunicado desta quarta-feira (15).
Segundo o memorando de entendimento, uma das condições para a fusão é a consumação do plano de reorganização da Gol nos EUA (Chapter 11). Outras condições ainda vão ser negociadas, determina o documento.
As duas empresas aéreas ainda enfrentam dificuldades financeiras decorrentes da pandemia e vêm reestruturando dívidas e remanejando recursos. A Azul, por exemplo, fez um acordo no ano passado para eliminar obrigações financeiras.