O mercado de fusões e aquisições está enfrentando uma desaceleração significativa este ano e várias razões contribuem para esse cenário. Ainda assim, há projeções positivas para este mercado nos horizontes do próximo ano. É o que aponta o especialista em M&A, Luiz Henrique Quintino, da SVN Investimentos, em entrevista ao BP Money.
O profissional analisa que o aumento das taxas de juros globais desencadeou uma mudança no apetite dos investidores por investimentos alternativos, à medida que as taxas de retorno em investimentos mais seguros se tornaram mais atrativas. Com consequência, isso afeta diretamente os fundos de Private Equity e de Venture Capital, uma vez que eles investem em empresas. A escassez de capital resultante afeta todo o ecossistema, tornando-se um fator preponderante para o ano mais lento. No Brasil, a falta de previsibilidade sob o governo Lula gerou incertezas entre os investidores, somando-se aos desafios do mercado.
“É uma questão muito correlata a alta das taxas de juros mundiais. Com essa alta, investidores perdem apetite para investimentos alternativos visto que existem taxas altas de retornos em investimentos seguros. Com isso, os fundos de Private Equity e de Venture Capital perdem Dry Powder, afetando todo ecossistema, visto que os mesmos investem nas empresas também. Essa escassez de capital é um fator preponderante. Entrando no cenário Brasil, a falta de previsibilidade diante do governo Lula gerou uma série de incertezas dos investidores. A soma dos fatores foi preponderante para um ano mais lento”, avaliou o profissional.
Quintino foi um dos palestrantes do “Finance Day“, organizado pelo BP Money e SVN Investimentos na quinta-feira (19). Durante sua exposição, ele explorou temas do mercado financeiro, discutindo os detalhes que cercam transações de compra, identificando os principais desafios em fusões e aquisições, e também analisou os setores mais dinâmicos.
Porém, apesar do cenário atual, há expectativas de melhoria. De acordo com Quintino, o reaquecimento do mercado de capitais e a retomada das fusões e aquisições no segundo semestre indicam uma possível recuperação. Com a redução das taxas de juros globais e melhorias na previsibilidade das questões fiscais do governo Lula, espera-se um retorno sólido dos investimentos no país.
Setores em Destaque em Fusões e Aquisições em 2024
A dinâmica dos setores em fusões e aquisições varia e está sujeita a ciclos naturais. A previsão de setores em alta é desafiadora, uma vez que os ciclos são difíceis de prever.
“De maneira geral, os setores tendem a ter as próprias ciclicidades que são naturais, sendo difícil prever o início e o fim desses ciclos. Vimos um setor de saúde altamente aquecido em anos anteriores e que sofreu uma forte retração em 2023, muito devido a alta nos custos médicos e da sinistralidade”, pontuou.
Conforme os parâmetros econômicos se fortalecem e as incertezas se reduzem, é previsto que o setor de fusões e aquisições recupere seu crescimento e atraia um número maior de investidores em busca de perspectivas promissoras no cenário nacional. Com isso, Luiz Henrique Quintino destaca otimismo sobre alguns dos setores: “A tendência geral é o aumento dos investimentos em sustentabilidade em diversos setores, como alimentos, agronegócio e energia, à medida que os produtos e serviços ecologicamente corretos ganham predominância”.