Galípolo mais hawkish

"Galípolo vai em baile de debutante e diz que vai subir a Selic", diz gestor

Durante o Macro Day, realizado pelo BTG, gestores debateram o cenário para a Selic e para a Bolsa, compromisso fiscal e credibilidade do BC

Gabriel Galípolo
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Durante o evento Macro Day, realizado pelo BTG Pactual na terça-feira (20), o gestor Luis Stuhlberger, da Verde Asset, mostrou-se surpreso com a postura do diretor de política monetária e potencial novo presidente do BC, Gabriel Galípolo.

“O Galípolo vai em baile de debutante e diz que vai subir a Selic, espontaneamente, sem ninguém perguntar”, disse Stuhlberger. “Há um mês, não acharia que ele faria esse tipo de discurso”, completou.

O comentário aconteceu em resposta à provocação do banqueiro André Esteves, que questionou aos gestores presentes se não é possível aguardar efeitos do esforço fiscal na economia brasileira antes de voltar a subir os juros. O consenso, sob diferentes argumentos, é que não.

Aguardar os efeitos do aperto fiscal recente demandaria uma credibilidade que o governo perdeu quando mexeu nas metas do arcabouço fiscal, avaliou Stuhlberger.

O sócio da SPX, Rogério Xavier, lembrou ainda que não só a inflação está fora da meta como o Brasil vem seguidamente subestimando crescimento, e que o discurso mostra que a alta da Selic também já foi politicamente aceita.

“Todo novo presidente do Banco Central, quando assume, precisa garantir sua credibilidade (…) E o Galípolo está numa situação muito confortável para fazer essa puxada de juros”, disse Xavier.

André Jakurski, sócio da JGP, avaliou que, numa inversão recente, Roberto Campos Neto ficou dovish e Galípolo, hawkish. “O Brasil não vai ser um país de juro real baixo tão cedo”, disse o gestor.

Jakurski reforçou que a renda fixa continuará sendo o principal investimento do brasileiro, mesmo com a alta recente do Ibovespa, que bateu recorde nominal.

Galípolo: BC vai obter ‘o máximo de dados’ para decisão sobre Selic

O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira (19) que a instituição vai aguardar as próximas quatro semanas até o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) de setembro para obter “o máximo de dados” e “estar aberta” à decisão sobre a Selic (taxa básica de juros).

As falas de Galípolo ocorreram durante o evento Conexão Empresarial, promovido pela VB Comunicação, em Belo Horizonte.

O diretor reforçou a ideia de que o BC depende de dados e que, até a sua próxima decisão de política monetária, vai observar indicadores como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Além disso, Galípolo também acrescentou que a entidade precisa de números da economia norte-americana e falas do chair do Fed (Federal Reserve), BC dos EUAJerome Powell.


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