Um acordo entre a Gerdau (GGBR4) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foi fechado no final do ano passado para pôr fim ao processo que investigava a siderúrgica e suas concorrentes por suposta formação de cartel na fabricação de vergalhões de aço.
Por conta da incerteza com o desfecho, o órgão de defesa aceitou a proposta de R$ 256 milhões pagos à vista pela companhia, segundo apuração da “Folha de S. Paulo”.
No entanto, o acordo não representa uma confissão de culpa. O caso da Gerdau chegou até o STF (Supremo Tribunal Federal) e, na visão dos conselheiros e técnicos do Cade, abriu um precedente considerado grave contra o combate aos cartéis.
Devido aos danos potenciais à política de combate aos cartéis, o órgão de defesa da concorrência teria aceitado até um valor inferior, e sem correção monetária, relataram fontes que acompanharam as negociações, de acordo com o veículo.
O caso começou em 1999, quando o Cade abriu um processo para investigar Gerdau, Belgo-Mineira (hoje conhecida como ArcelorMittal) e Barra Mansa.
A acusação, na época, é que as siderúrgicas teriam dividido o mercado de fornecimento de vergalhões às construtoras, segundo o jornal. Entre os documentos apresentados estavam notas fiscais, tabelas de cotação de preços, pesquisas com construtoras e até declarações de testemunhas.
O caso foi julgado em 2005 e a multa total às empresas somou R$ 345 milhões, tendo a Gerdau pago R$ 100 milhões. A siderúrgica acionou a Justiça, mas a autuação foi mantida. O grupo, então, recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A multa foi anulada em 2022, pelo ministro Benedito Gonçalves, que reconheceu a posição da companhia sobre a necessidade de prova pericial e documental de danos econômicos causados pelo suposto cartel para o cálculo dos valores.
A alegação da Gerdau no processo foi que esse pedido foi feito reiteradamente ao Cade. Com a derrota, o Cade recorreu ao Supremo Tribunal Federal.
Bradesco BBI rebaixa recomendação de Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5)
O Bradesco BBI cortou a recomendação de Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) de compra para neutro. O momento do aço brasileiro tem inspirado cautela no banco, considerando os desafios macroeconômicos atuais.
No segmento de metais básicos, apenas a Vale (VALE3) segue com recomendação de compra. Com a avaliação do Bradesco BBI, a ação da Usiminas caiu 1,84%, enquanto o papel da Gerdau recuou 2,84%, entre as maiores quedas do Ibovespa nesta quinta-feira (9).
A previsão do BBI é que o aço brasileiro tenha um crescimento limitado este ano, após a demanda por aço no Brasil ter se aproximado de máximas históricas no ano passado. A razão das novas expectativas são os desafios macroeconômicos emergentes em 2025, o que deverá resultar em uma queda do poder de precificação das siderúrgicas.
Para a equipe do Bradesco BBI, as ações de siderúrgicas brasileiras se tornaram menos atraentes, isto por conta das expectativas de menor momentum de lucros, risco de queda nas estimativas de consenso e ausência de geração de fluxo de caixa, de acordo com o “InfoMoney”.
Além de rebaixar a recomendação da Gerdau de compra para neutro, o banco também cortou o preço-alvo de R$ 25 para R$ 19, refletindo um maior custo de capital no Brasil e um enfraquecimento do momentum de lucros tanto nos EUA quanto no Brasil.
O pico do ciclo do aço no Brasil parece estar se aproximando, é o que acreditam os analistas, que têm perspectivas de taxas de juros mais altas e incertezas econômicas, indicando um crescimento mais lento.
No caso da Usiminas, o preço-alvo foi rebaixado pelo Bradesco BBI de R$ 11 para R$ 6,00 por ação para o final de 2025.