O céu é o limite?

Gol e Azul: fusão traz benefícios, mas pode diluir participação de minoritários

Tanto os papéis da Gol quanto os da Azul decolarem na Bolsa de Valores brasileira na quinta-feira (16)

Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)
Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) / Reprodução

A Gol (GOLL4) e a Azul (AZUL4) já têm seu espaço no céu, mas ele pode ser ampliado. Na noite de quinta-feira (15), o grupo Abra, controlador da Gol, anunciou que as duas empresas haviam fechado um acordo para uma possível fusão. No curto prazo, a ideia já beneficia os acionistas — as ações dispararam —, mas, no longo prazo, o movimento pode gerar algumas preocupações.

Como resposta ao anúncio, tanto os papéis da Gol quanto os da Azul decolarem na Bolsa de Valores brasileira na quinta-feira (16). As ações sob o ticker AZUL4 fecharam o pregão com alta de 3,63%, negociadas a R$ 4,57. Já os papéis GOLL4 saltaram 4,29%, a R$ 1,70.

Nesse primeiro momento, as vantagens para as duas companhias são claras, mas o Instituto Ibero-Americano da Empresa manifestou-se publicamente levantando algumas preocupações. Entre os possíveis pontos, a entidade destacou que, para viabilizar a transação, é provável que haja a emissão de novas ações, o que poderia reduzir a participação dos acionistas minoritários e comprometer a transparência e o equilíbrio das decisões societárias.

“Os minoritários precisam de garantias claras de que seus direitos serão respeitados em um processo dessa magnitude. A ausência de medidas adequadas de proteção pode enfraquecer a confiança no mercado de capitais como um todo”, disse Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.

O executivo também ressaltou que, segundo a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76), os acionistas minoritários têm o direito de participar das deliberações que envolvem reorganizações societárias, incluindo fusões e incorporações.

Assim, dependendo da estrutura do acordo, talvez seja preciso realizar uma OPA (Oferta Pública de Aquisição). Isso vai proteger os minoritários em casos de alterações de controle ou saída de segmentos específicos de listagem na B3 (B3SA3).

Investidor precisa analisar e definir suas prioridades, diz analista

O mercado acionário brasileiro enfrenta uma situação delicada, especialmente devido às questões envolvendo a saúde econômica, que ainda deixam investidores temerosos. Nesse cenário, o diretor da Cetur, Alexandre Sampaio, apontou que “cabe ao investidor no mercado de ações analisar os números e definir suas prioridades”.

No entanto, nem todos os olhares são pessimistas. Para Bruno Corano, economista da Corano Capital, a fusão tende a ser mais positiva do que negativa no curto prazo, independentemente do cenário.

“Haverá a criação de uma empresa com participação relevante na América Latina e dominante no cenário doméstico. Além disso, alguns parâmetros para a fusão se concretizar são positivos para o desempenho das ações”, declarou Corano.

Para fusão acontecer, Gol precisa ‘sair’ do processo judicial nos EUA

Atualmente, a Gol está em um processo de recuperação judicial nos EUA, conhecido como Chapter 11. Essa pendência é um entrave para a conclusão de qualquer acordo do tipo envolvendo a área. Ou seja, para a fusão decolar, é preciso concluir o processo de recuperação judicial.

Além disso, também é preciso finalizar a renegociação com os credores para reduzir o nível de endividamento da empresa.

“O fortalecimento da Gol e o cumprimento de todas as etapas do CH11 pela companhia aérea apresentam segurança de que esse processo será concluído como previsto. O anúncio do MoU é o início de um caminho longo, e avaliar possíveis desdobramentos ainda é muito prematuro”, comentou Luana Nogueira, diretora-executiva da ALAGEV.

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