A agência de classificação de risco Fitch Ratings, rebaixou a nota de crédito da Gol (GOLL4) de “CCC+” para “CCC-”, em meio a preocupações com a reestruturação da dívida da companhia aérea brasileira, riscos de refinanciamento e pressão no fluxo de caixa operacional.
“A avaliação incorpora o recente anúncio da empresa de contratar um consultor financeiro para revisar sua estrutura de capital”, afirma a Fitch em relatório divulgado nesta quarta-feira (6).
No início do mês, a Gol anunciou a contratação da Seabury Capital para contribuir com uma revisão de sua estrutura de capital, incluindo a gestão de passivos.
“Isso segue a renegociação em andamento da Gol com os arrendadores. O aumento nos pagamentos de arrendamentos após suas reduções/adiamentos durante a pandemia da Covid-19, além das elevadas taxas de juros, têm pressionado a geração de caixa da empresa. Diferentemente de outros players da região, a Gol ainda não concluiu a renegociação completa de suas obrigações de arrendamento”, diz a Fitch.
De acordo com a agência de risco, a companhia aérea está sofrendo uma pressão sobre o fluxo de caixa por causa de elevadas despesas com leasing (arrendamento mercantil) e juros, que vêm tornando o perfil da dívida “insustentável”.
No fim de setembro deste ano, os vencimentos de curto prazo da Gol somavam R$ 2,9 bilhões (R$ 1,1 bilhão de dívida financeira e R$ 1,8 bilhão de obrigações de arrendamento mercantil). Segundo a Fitch, o caixa disponível era de R$ 905 milhões.
Gol: ações derretem após anúncio de contratação de consultoria
As ações da Gol lideraram as quedas na sessão de segunda-feira (4), com recuo de 8,52%. A queda aconteceu em resposta ao anúncio da companhia sobre a contratação de consultoria financeira para auxiliar no processo de revisão da estrutura de capital.
De acordo com a avaliação do Citi, a entrada da Gol (GOLL4) no grupo Abra, sua controladora, não foi suficiente para estabilizar a situação financeira da empresa. Ainda de acordo com a análise, a contratação de um consultor financeiro sugere que a aérea ainda enfrenta desafios financeiros significativos.
“O anúncio da Gol de que contratou um consultor financeiro para ajudar a reestruturar suas obrigações com pagamento de frota e auxiliar nas estratégias de gestão de passivos sugere que a transportadora ainda enfrenta desafios financeiros significativos”, diz o relatório assinado por Stephen Trent e equipe.
Os analistas destacam que esse anúncio parece aprofundar uma trajetória já complexa para os acionistas minoritários da Gol. O Citi continua a recomendar a venda das ADRs da empresa, mantendo o preço-alvo de US$ 3, enquanto as ADRs foram negociadas na sexta-feira a US$ 3,77, com um aumento de 2,17% no pós-mercado.
A companhia aérea brasileira divulgou na noite de sexta-feira a contratação da Seabury Capital, uma consultoria financeira especializada na indústria de aviação global. Segundo o comunicado, a Seabury tem como objetivo revisar a estrutura de capital da Gol, fornecer orientações para iniciativas que possam melhorar a situação financeira da empresa e conduzir negociações com arrendadores de aeronaves e outras partes envolvidas para uma reestruturação consensual das obrigações da frota.
“O comunicado não especificou quais estratégias são as maiores prioridades, nem a companhia aérea mencionou quaisquer possíveis datas de término ou prazos para as iniciativas acima. Contudo, é possível que os componentes de reestruturação das estratégias mencionadas assumam alguma urgência. No final de setembro, o caixa e equivalentes da Gol eram de R$ 905 milhões, contra seus empréstimos de curto prazo de R$ 3 bilhões”, completou.