Após reportar seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2022, nesta quinta-feira (27), as ações da Gol (GOLL4) decolaram na bolsa de valores de São Paulo (B3), atingindo uma alta de mais de 6%. O prejuízo líquido da companhia, de R$ 1,55 bilhão, não seria motivo para comemorar, se não representasse uma queda considerável de 38,7% em relação ao mesmo período de 2021. De acordo com analistas, a receita recorde da empresa foi o principal destaca da aérea, o que também trouxe melhores perspectivas para os próximos meses em relação ao seus papéis.
Para Alexandre Milen, CEO da Harami Research, as perspectivas para os papéis da Gol são de alta no curto e médio prazo.
“A receita que a Gol apresentou mais do que dobrou em comparação com o mesmo período do ano passado, chegando em torno de R$ 4 bilhões. O ponto negativo é que as despesas operacionais da companhia chegaram a uma cifra bem próxima: cresceu 50%, ficando em cerca de R$ 3,8 bilhões. Tem esse lado positivo do aumento da receita e o lado negativo são as despesas que são quase equiparadas”, disse Milen.
A Harami projeta, para o ano de 2023, uma alta para as ações da Gol. O preço-alvo para os papéis da aérea fica entre R$ 14,50 e R$ 15,00, segundo a casa de análises.
Os analistas consultados pelo BP Money destacaram que os dados divulgados pela Gol foram influenciados pela alta dos preços das passagens e, também, pela melhora na demanda no cenário “pós-pandemia”.
O analista da Reach Capital, Khalil de Lima, pontuou que as margens da Gol ainda estão pressionadas, principalmente pelos preços dos combustíveis.
“A receita continua vindo bem, puxada pela taxa de ocupação que continua saudável e pelo preço das passagens aéreas que continuam em patamares elevados. O custo ex combustivel melhorou sequencialmente, deixando realmente a detração de margem para o preço dos combustíveis”, afirmou Lima.
O custo unitário excluindo combustível (CASK ex-combustível) da GOL teve redução de 23,6% frente ao terceiro trimestre do ano passado.
Milen, da Harami Research, reiterou que, apesar dos custos com combustíveis estarem elevados para as aéreas, a Gol sabe “equalizar e colocar o preço do aumento dos combustíveis no aumento das passagens”.
“A gente sabe que a Gol, assim como a Azul e outras companhias aéreas, tem um desafio em relação ao combustível. Os combustíveis devem ter o preço elevado no final de 2022, início de 2023, mas acreditamos que a companhia, como o próprio último resultado demonstrou, sabe equalizar e colocar esse preço do aumento dos combustíveis no aumento das passagens”, disse Milen.
Milena Araújo, especialista em renda variável da Nexgen Capital, assim como Lima e Milen, reiterou que o destaque negativo do balanço foi a pressão negativa sobre os custos no terceiro trimestre, principalmente pela parte dos combustíveis.
“De ponto de atenção, para o próximo trimestre, fica o repasse dos custos que a companhia tende a passar a longo prazo na emissão de bilhetes e também um repasse na parte do reajuste dos combustíveis, que está previsto para os próximos meses”, afirmou Araújo.
Quais as expectativas para os papéis da Gol (GOLL4)?
Milen, da Harami Research, afirmou que um dos pontos positivos da Gol é que ela está conseguindo reduzir o índice de endividamento.
“A companhia tem se saído bem no pós-pandemia. No cenário fundamentalista e grafista, entendemos que é uma boa alternativa de investimento. A gente também observou o cruzamento de médias na análise gráfica, indicando para compra, então o horizonte é bem positivo para a Gol”, afirmou Milen.
O analista Khalil de Lima também salientou que a empresa deve seguir melhorando seus resultados e, consequentemente, sua performance na bolsa de valores.
“Liquidez continua sendo um destaque para a Gol, ainda mais entrando no quarto trimestre, que costuma ser um trimestre bem positivo em termos de geração de caixa. Devemos continuar observando uma melhora sequencial, caso o preços dos combustíveis continuem nesse patamar”, afirmou Lima. O BP Money destaca que esta matéria não configura uma recomendação de investimentos.