A Latam demonstrou interesse na compra de aeronaves da Gol (GOLL4) que entrou em recuperação judicial nos EUA. De acordo com o “Valor”, em audiência na segunda-feira (29) com a justiça de Nova York, advogados da Gol afirmaram que alguns arrendadores receberam cartas da Latam dizendo que, “diante dos eventos recentes”, teria interesse em discutir o possível arrendamento de 20 a 25 aeronaves Boeing 737.
O 737 é um modelo central na estratégia de frota única da Gol. O que chamou a atenção é que a Latam não opera o 737. O grupo chileno tem uma frota de 256 Airbus, usados nas rotas mais curtas. A família Boeing (58 unidades no total) é usada sobretudo em longas distâncias, com o 787 (Dreamliner). A empresa, segundo seu site, tem ainda unidades do 777, e 767.
A carta aos arrendadores chega em um momento em que a Gol tem se esforçado para negociar seus contratos. A Aviation Working Group (AWG), entidade que reúne fabricantes de aviões e empresas de arrendamento, voltou a destacar sua visão de que o período em que arrendadores podem começar a buscar aviões da Gol se encerra no dia 24 de fevereiro. Pela legislação dos Estados Unidos, o prazo é de 120 dias a partir do início do trâmite (dia 25 de janeiro). Mas a AWG defende que o prazo que deve ser considerado é de 30 dias, seguindo a Convenção da Cidade do Cabo, que o Brasil faz parte.
O fogo amigo entre as aéreas é bem intenso. Ninguém torce pela falência de uma companhia de grande porte, que pode desestabilizar todo o transporte, mas todos querem ganhar mais market share diante da fraqueza de um concorrente que antes da pandemia era líder. A Gol tinha cerca de 38% de participação do mercado antes, em dezembro, ficou perto de 33%, sendo superada pela Latam, com 38,7%.
A Gol não se manifestou até o fechamento desta reportagem. A Latam informou, em nota, que está ativa há vários meses em busca de aviões no mercado para fazer frente à forte demanda por viagens.
“O grupo Latam está em contato permanente com todas as partes interessadas relevantes em matéria de frota (arrendadores e fornecedores de equipamentos e manutenção) como parte de seu negócio. A companhia está ativa no mercado há vários meses com o objetivo de garantir a capacidade necessária para atender às necessidades contínuas e de longo prazo no contexto dos desafios globais da cadeia de suprimentos e da falta de aeronaves/motores”, disse, em nota.
Gol: B3 exclui ação do Ibovespa após pregão desta terça
A Bolsa de Valores brasileira (B3) anunciou a exclusão das ações da Gol de todos os seus índices, em decorrência do pedido de Chapter 11, recuperação judicial, apresentado pela empresa perante o Tribunal de Falências dos EUA, assim como das demais implicações no mercado.
As ações da Gol serão removidas dos índices IBOV, IBRA, IBXX, ICO2, IDVR, IGCT, IGCX, ITAG, IVBX e SMLL ao seu preço de fechamento após o término do pregão regular da terça-feira, 30, com sua participação redistribuída de forma proporcional aos outros membros da carteira, mediante ajustes apropriados nos redutores.
Dessa forma, as ações da Gol (GOLL4) continuarão sendo negociadas normalmente, mas serão listadas na B3 sob a categoria de “Outras Condições”, a partir do pregão desta terça-feira (30).
Com essa desvalorização, a Gol teve uma redução de R$ 674 milhões em seu valor de mercado (market cap), passando a ser avaliada em R$ 1.323.758,00.