Desmembrar o Google da Alphabet (GOOGL34) é uma das alternativas consideradas pelo Departamento de Justiça após uma decisão judicial histórica que concluiu que a empresa monopolizou o mercado de buscas online, conforme revelado por fontes familiarizadas com as discussões.
Essa medida representaria o primeiro esforço de Washington para desmantelar uma empresa por práticas de monopolização ilegal desde as tentativas frustradas com a Microsoft há duas décadas.
Alternativas menos drásticas incluem exigir que o Google compartilhe mais dados com concorrentes e implementar medidas para evitar que a empresa obtenha vantagens indevidas em produtos de inteligência artificial (IA), de acordo com fontes que preferiram não ser identificadas.
Independentemente da abordagem adotada, é provável que o governo busque proibir contratos exclusivos, que foram um dos principais pontos no caso contra o Google.
Caso o Departamento de Justiça avance com um plano de desmembramento, as unidades mais prováveis de serem desinvestidas são o sistema operacional Android e o navegador Chrome, segundo fontes.
Além disso, as autoridades estão considerando forçar a venda do AdWords, a plataforma que a empresa utiliza para comercializar publicidade em texto, de acordo com uma das fontes.
As discussões do Departamento de Justiça se intensificaram após a decisão do juiz Amit Mehta, em 5 de agosto, que concluiu que o Google monopolizou ilegalmente os mercados de busca online e anúncios de texto.
O Google anunciou sua intenção de apelar da decisão, mas Mehta ordenou que ambas as partes comecem a preparar a segunda fase do processo, que abordará as propostas do governo para restaurar a concorrência, incluindo a possibilidade de um pedido de separação.
Um porta-voz do Google optou por não comentar sobre a possível solução. Da mesma forma, uma porta-voz do Departamento de Justiça também se absteve de fazer declarações sobre o assunto.
Separação do Google e Alphabet
A venda do sistema operacional Android, utilizado em cerca de 2,5 bilhões de dispositivos globalmente, é uma das soluções mais frequentemente debatidas pelos advogados do Departamento de Justiça, conforme as fontes.
Em sua decisão, o juiz Mehta concluiu que o Google exige que os fabricantes de dispositivos assinem acordos para obter acesso a seus aplicativos, como o Gmail e a Google Play Store.
Esses acordos também obrigam a instalação do widget de pesquisa do Google e do navegador Chrome nos dispositivos de forma que não possam ser removidos, o que impede efetivamente a concorrência de outros mecanismos de pesquisa.
A decisão de Mehta segue um veredito de um júri na Califórnia, em dezembro, que concluiu que a empresa monopolizou a distribuição de aplicativos Android. O juiz responsável por esse caso ainda não emitiu a sentença. Nesta semana, a Federal Trade Commission, que também é responsável pela aplicação das leis antitruste, apresentou seu argumento e afirmou que o Google não deveria ter permissão para “colher os frutos da monopolização ilegal”.
O Google desembolsou até US$ 26 bilhões para garantir que seu mecanismo de pesquisa se tornasse o padrão em dispositivos e navegadores web, sendo que US$ 20 bilhões foram destinados à Apple Inc.