Quantas vezes você já não “deu um Google (GOOG)” hoje? Pois é, essa é uma daquelas empresas que estão, literalmente, presentes na rotina da população de grande parte do mundo. Apesar de ser consolidada e seguir entregando aumento de margem e crescimento em alguma medida, indo até na contramão da expectativa do mercado, a Big Tech tem sofrido na Bolsa de Valores norte-americana (Nasdaq). No acumulado de 2022, as ações da Alphabet – empresa-mãe do Google – já tiveram queda de mais de 20% e estão, atualmente, com o indicador preço/lucro no mesmo patamar de uma década atrás.
O BP Money conversou com três analistas de empresas internacionais de tecnologia, que destacaram que, sim, a companhia representa uma boa oportunidade de investimento, mas não para o curto prazo.
Segundo o Chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares, o movimento de venda das ações do Google ainda deve perdurar e, por isso, talvez seja importante aguardar um pouco mais o mercado para fazer alocações.
“A gente está vendo se formar uma oportunidade em grandes empresas americanas, não especificamente só no Google. Acreditamos que esse movimento de realização deve seguir, então no curtíssimo prazo talvez seja interessante esperar um pouco mais, mas com certeza o Google e as grandes empresas americanas são excelentes cases de reserva de valor e a gente tem uma visão otimista sim para o longo prazo”, afirmou Soares.
Os analistas explicam que o aperto monetário feito nos Estados Unidos é o principal responsável pela queda das ações das empresas de tecnologia como Google, Tesla, Meta, entre outras. Isso porque muitos investidores preferem deixar de lado este modelo de empresas (de forte crescimento) para buscar investimentos mais seguros, em alguma medida, com empresas que buscam somente o longo prazo ou títulos do tesouro norte-americano.
Para Charo Alves, assessor de investimentos da Valor Investimentos, o crescimento esperado para essas empresas, como o Google, com a alta de juros nos EUA, talvez não aconteça no curto e médio prazo e isso influencia diretamente os papéis de empresas com modelo de crescimento rápido.
“O resultado, como eu pude acompanhar, não foi o motivo principal dessa queda das ações. A empresa segue entregando aumento de margem, e crescimento em alguma medida. O motivo da queda é o macro, envolvendo juros e inflação, que mais tem afetado as empresas de tecnologia em bolsas globais”, disse Alves.
“Para o cenário mais longo, um pouco mais a frente, gera sim uma oportunidade, porque são empresas que têm uma qualidade implícita inegável. Se você busca uma alocação dentro de um perfil em que a volatilidade não vai ser um problema, e você expande esse universo um pouco mais a frente, acaba que é um consenso de mercado que é uma janela de oportunidade para esse tipo de alocação”, completou o assessor da Valor Investimentos sobre o Google.
Quem comprou uma ação do Google por US$ 362,74, em 2013, chegou a ter US$ 2.996,77 no pico dos papéis da empresa, em novembro de 2021. Ou seja, um investimento de US$ 10 mil daria um retorno de US$ 82.613,73.
Segundo Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital (única gestora brasileira totalmente especializada em tecnologia), o setor de tecnologia está sendo corrigido exageradamente desde meados de dezembro. Por isso, pode ser um bom momento para investir em empresas do setor.
“O Google, assim como as outras FAANGs (sigla para Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google) tem suas correções exageradas, então é um ótimo momento para se montar uma alocação, mas não com perspectiva de curto prazo. De fato, não dá para se precisar qual vai ser o limite dessa correção que está em curso neste semestre”, disse Lobão.
“Com toda certeza, em um horizonte de dois a cinco anos a gente tem uma retomada de valorização e o Google voltando para patamares parecidos com o que ele exerceu durante a pandemia. A gente está falando de uma valorização na casa de 30% até 50% em um período relativamente curto de 2 a 5 anos”, destacou o especialista.
Para os especialistas consultados pelo BP Money, apesar de não ter grandes projetos para o futuro, tal qual os do grupo Meta, o Google ainda deve expandir suas operações com a melhora dos sistemas de carros autônomos, por exemplo, além de investir em projetos de fibra óptica.
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“A empresa tem fundamentos cada vez mais sólidos, com resultado de crescimento de receita e lucratividade muito mais expressivos do que uma década atrás, então é natural defender que é o momento de montar posição em uma empresa que, talvez, o maior mérito dela ao longo dos últimos anos foi o de diversificar a sua base de negócios”, disse Lobão sobre o Google.