Governo estuda uso de FGTS para compra de carro

Uso de parte do FGTS seria uma das propostas que o governo federal estuda para alavancar as vendas do setor automobilístico

 

A liberação de parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de carros novos, seria uma das propostas que o governo federal estuda para alavancar as vendas do setor automobilístico no Brasil. 

“Se houvesse uma medida como essa, sem restrição e dentro de um programa do governo, seja para compra do primeiro carro, seja para renovação de frota, isso teria efeito no reaquecimento do mercado Se a pessoa tem R$ 100 mil no FGTS e o governo permite o uso de 25% (R$ 25 mil), talvez seja essa a diferença que o consumidor precise para passar de um usado para um carro novo. É uma das medidas que analisamos em conjunto para manter os fabricantes no país e o nível de emprego no setor”, disse o Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), para o jornal O Globo. Segundo Leite ,a medida foi adotada pelo Chile e fez as vendas por lá “estourarem”.

A indústria automotiva brasileira enfrenta momentos difíceis.O primeiro trimestre do ano terminou com vendas de veículos zero quilômetro abaixo do esperado, trazendo preocupação ao setor diante de um cenário de juros elevados, falta de crédito e perda de renda do brasileiro. Entre janeiro e março, houve paralisações em oito fábricas, e dois turnos de produção foram suspensos, incluindo os de montadoras de caminhões.

 

Descarbonização

De acordo com dados levantados pelo O Globo, atualmente, para cada carro zero quilômetro vendido são comercializados sete usados. Há alguns anos, essa relação era de um zero quilômetro para três usados. Um carro usado emite 23 vezes mais poluentes que um carro novo. A frota do país tem hoje, em média, 10,3 anos de uso, mesmo patamar de 1995.

Outra medida que visa a estimular o mercado de novos é a volta do carro popular “verde”. Montadoras que atuam nesse segmento estão discutindo diretamente com o governo, disse Leite, sem intermediação da Anfavea.

O que se sabe até agora é que as simulações sobre esse carro “verde” de entrada (o famoso carro popular), que seria movido a etanol, mostram que ele custaria algo entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. Seriam produzidas pelo menos 300 mil unidades, reaquecendo o mercado e atendendo as demandas de descarbonização.

“A expectativa de 300 mil unidades talvez seja otimista. Mas é um potencial importante. Se será a etanol, híbrido ou elétrico não importa. Apoiamos a agenda de baixo carbono”, disse Leite.

Ele voltou a apontar os juros elevados como principal causa da fraqueza do mercado de novos. Leite afirmou que se não houver condições melhores de financiamento, o segmento não vai reagir.

 Lula cita possibilidade de isenção fiscal para setor automotivo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse na semana passada que irá se reunir com a indústria automobilística e lideranças sindicais para discutir o financiamento e produção de automóveis do Brasil.

Lula afirmou que planeja se reunir com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e sindicalistas para a discussão de uma programação “que pode envolver alguma política de isenção fiscal”.

 “Precisamos ter uma discussão mais profunda do que queremos da indústria automobilística brasileira porque também precisamos assumir a responsabilidade de facilitar o financiamento de carro”, pontuou.

Segundo o presidente, não adianta aumentar a produção automobilística no Brasil se não houver mercado interno. “Não está fácil comprar um carro hoje”, disse. “Não vamos ficar produzindo carro para um povo que não pode comprar.”

O presidente disse que a indústria automobilística também será tema de debate de sua viagem à China, prevista para acontecer na próxima semana.

Segundo o chefe do Executivo, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), está no país asiático e sinaliza um acordo com a China de acordo com a potência para a produção de carro elétrico no Estado, na fábrica da Ford. “Me interessa ter carro elétrico no Brasil”, afirmou.