GPA (PCAR3): venda do Éxito gera conflito no Conselho, diz jornal

A novela envolvendo a varejista colombiana Éxito estaria gerando conflitos entre os membros do conselho de administração da GPA

A novela envolvendo a varejista colombiana Éxito está gerando conflitos entre os membros do conselho de administração da GPA (PCAR3), dona do Pão de Açúcar e detentora da rede de supermercados da Colômbia. 

Segundo apuração do jornal “Valor Econômico”, o  “climão” ficou em evidência quando o empresário colombiano Jaime Gilinski divulgou a intenção de comprar a rede Éxito. Ele fez duas propostas nas últimas semanas e a segunda avalia a varejista colombiana em US$ 1,15 bilhão (R$ 5,5 bilhões) – as duas propostas foram recusadas pelo GPA. Para alguns minoritários e parte do alto escalão da empresa, a venda a Gilinski seria boa pois significaria injeção de dinheiro no GPA. Já para uma parte do conselho de administração da varejista brasileira faz mais sentido manter o plano de cisão, que está em andamento, seguida da distribuição de ações – isso representaria injeção de capital no Casino, que passa por sérias dificuldades financeiras.

É importante destacar que, por dever fiduciário, o conselho de administração de qualquer empresa deve defender sempre o melhor acordo para a companhia. Mas o que é melhor? Dado o impasse, a saída foi responder que o GPA considerou o valor baixo. A decisão, disse uma fonte, foi de ao menos colocar “requisitos mínimos para a potencial oferta”.

Desse modo, segue o processo de cisão que já está em curso. Ao fim da segregação dos negócios, prevista para acontecer em agosto, os acionistas do GPA passam a deter diretamente ações do Éxito, tirando o ativo de dentro da companhia brasileira. Foi assim com Assaí (ASAI3), que passou a ser uma empresa independente e listada na B3. O ativo deu liquidez para o acionista de preferência.

O ponto é que, segundo fontes, o alto escalão do GPA tem recebido cada vez mais questionamentos sobre por que não fazer a venda do Éxito para um terceiro — já que dessa forma todos os recursos iriam para o caixa do GPA —, em vez de seguir com a cisão.

No cenário internacional, o grupo francês Casino, do empresário Jean-Charles Naouri, que também é o presidente do conselho de administração do GPA, tem colocado ativos à venda para ajudar a reduzir as pesadas dívidas da companhia e, consequentemente, as pressões de credores na Europa. Está nos planos de reestruturação a venda do próprio GPA.

O GPA tem nove conselheiros. Além de Naouri, que é o chairman, apenas três são membros independentes. Apesar de não deter mais o controle, além de Naouri, outros três membros são indicados do Casino.

Procurado, o Casino afirmou, em nota, que a proposta de cisão e distribuição de ações do Almacenes Éxito “foi proposta pelo Conselho de Administração e aprovada em assembleia de acionistas na data de 14/02/2023 com amplo apoio de acionistas minoritários”. Disse ainda que “todos os eventos subsequentes foram analisados pelo conselho com decisões unânimes e divulgados ao mercado por meio de fatos relevantes. A operação de distribuição de ações já obteve as devidas aprovações regulatórias e está em fase final de conclusão”.

Procurado, o GPA enviou ao Valor a mesma nota divulgada pelo Casino.

Casino fecha acordo preliminar com consórcio; ação cai mais de 7%

O grupo varejista francês Casino Guichard-Perrachon, controlador do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) no Brasil, divulgou ao mercado, na manhã desta sexta-feira (28) que fez um acordo preliminar com um consórcio liderado pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky, para fortalecer sua base de capital e reestruturar sua dívida. 

Desse modo, o Casino informou que o consórcio de Kretinsky, o EP Global Commerce, Fimalac e Attestor, além de alguns credores – entre eles, bancos franceses, que  haviam concordado em participar da operação.

Nesta quinta-feira (27), após a divulgação de balanço com prejuízo líquido de 2,33 bilhões de euros no primeiro semestre deste ano, o Casino pediu a suspensão de suas ações na Bolsa de Paris. O grupo francês havia reiterado também que poderia ficar inadimplente em sua linha de crédito rotativa até o fim de agosto.

No fim de junho, a dívida líquida do Casino atingiu 6,1 bilhões de euros, ante 5,1 bilhões de euros três meses antes. Também em junho, o grupo francês anunciou que pretendia vender suas operações na América do Sul, incluindo o brasileiro GPA e o colombiano Éxito. Além das dívidas, o Casino também lida com a queda de participação do grupo no mercado francês.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile