O Grupo Itapemirim teve sua falência decretada nesta quarta-feira (21) pelo juiz da 1º Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJ de São Paulo, João de Oliveira Rodrigues Filho. O magistrado ainda determinou a indisponibilidade dos bens de Sidnei Piva, presidente do grupo.
Em julho, a EXM Partners, administradora judicial do grupo, já havia protocolado um pedido de falência. No entanto, a administradora passava por um imbróglio com a antiga diretoria do grupo, por conta de desvios de recursos que deveriam ser enviados aos credores.
Ao dar seu parecer, Filho relembrou que, segundo a EXM Partners, foram retirados R$ 45,3 milhões do caixa pela antiga gestão do Grupo Itapemirim. O montante, segundo o juiz, pertencia aos credores.
Dentre os desvios, o mais polêmico foi destinado para a ITA Transportes Aéreos, companhia que iniciou a operação em 2021 e ficou apenas seis meses no ar. Com o fim do negócio, muitos clientes ficaram sem viajar durante as festas de final de ano, movimentando inúmeros processos.
Em maio de 2021, o presidente da companhia foi afastado do grupo. Para seu lugar, os credores elegeram Eduardo Abrahão, da consultoria Transconsult. Desde junho do ano passado, os credores tentam retirar Piva da presidência.
“Com a criação da ITA Linhas Aéreas, ainda assim havia substancial adimplemento do plano. Todavia, a desorganização da gestão, somada à utilização de recursos para objetivos outros que não o cumprimento do plano, fez com que as operações empresariais entrassem em colapso e, consequentemente, inviabilizando o cumprimento do plano de recuperação judicial”, disse o magistrado sobre o Grupo Itapemirim.
Grupo Itapemirim tem dívida de R$ 106 milhões
Até maio de 2022, o Grupo Itapemirim apresentava uma dívida de R$ 106 milhões. Além disso, há um passivo tributário no montante de R$ 2,387 bilhões registrado até outubro de 2021. O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho afirmou que o grupo está sem apresentar qualquer demonstração contábil desde novembro de 2021.
“Durante o ano de 2021 e até junho de 2022, ocorreu um déficit da operação na monta de R$ 29 milhões, sendo que no atual momento esse déficit financeiro certamente é maior, levando em consideração que as recuperandas não cumpriram com suas obrigações tributárias”, escreveu.
“Indo além, a administradora tomou conhecimento de que durante os meses de março até maio de 2022, o Grupo Itapemirim realizou diversas demissões, sendo que destas, em nenhum caso foi constatado o adimplemento das verbas rescisórias”, completou Filho.