Recentemente autuado pela Receita Federal em uma ação no valor de R$ 1 bilhão, o Grupo Mateus (GMAT3) entrou para a cobertura do JPMorgan. A recomendação do banco para o papel é neutra, com preço-alvo de R$ 9.
O destaque dos analistas é o fato do Grupo Mateus ser o terceiro maior varejista de alimentos do Brasil e líder regional no Norte. Sua exposição no Nordeste está crescendo no momento, mas ambos os mercados tem menor intensidade competitiva do que os principais do Sudeste. O JPMorgan ainda vê um equilibrio na relação risco-recompensa da empresa.
“Apoiada por um balanço não alavancado e profundo conhecimento regional, o grupo vem abrindo novas rotas de distribuição e é uma das varejistas de mais rápido crescimento do país, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de área de vendas de 21% entre 2019 e 2024”, comentou a equipe do JPMorgan, segundo o “InfoMoney”.
O Grupo Mateus tem um potencial para mais 140 novas cidades para abrir lojas, além de mais 180 nova cidades de cash&carry, conforme avaliação do banco, olhando para cidades com mais de 100 mil habitantes nas regiões Norte e Nordeste.
O relatório apontou que o ritmo acelerado de crescimento deve permanecer em vigor, enquanto o Grupo Mateus aproveita a vantagem de primeiro mover em muitos mercados regionais.
Sendo assim, a expectativa do banco é que a empresa expanda sua presença a uma CAGR de 5 anos de 13%. Somado a um SSS (vendas mesmas lojas) levemente acima da inflação, isso deve apoiar uma CAGR de lucros operacionais de 15%.
O capital de giro da varejista, no entanto, é muito mais pesado que o dos pares, e a alta para o caso vem de melhorias materiais no ciclo de caixa que podem levar muito tempo para se materializar.
Outro destaque para os analistas é a alta relevância dos incentivos fiscais para os lucros (75% das projeções de lucro por ação), bem como o aviso da Receita Federal, que devem limitar grandes gatilhos positivos para a ação.
Porém, o JPMorgan também acredita que a redução do capital de giro é a alavanca de valor mais relevante, considerando que as ineficiências crescem rapidamente em uma expansão varejista com foco maior na loja e no nível de serviço (baixos estoques).
Grupo Mateus (GMAT3): autuação bilionária prejudica outras varejistas
O auto de infração da Receita Federal, no valor de R$ 1,059 bilhão, ao Grupo Mateus (GMAT3) pode não impactar a tributação recorrente futura da empresa, mas abriu um precedente para toda a cobertura do varejo, adicionando incerteza e volatilidade ao preço das ações, apontou Bradesco do BBI.
O relatório do banco indicou que a autuação é, sobretudo, uma questão de cálculo e não de validade do crédito presumido em si, tendo o STJ (Superior Tribunal de Justiça) já decidido a favor das empresas.
A Receita entendeu que as empresas que deduzem créditos presumidos do ICMS dos lucros antes de impostos precisam reverter os créditos de ICMS sobre compras, conforme a “Solução de Consulta Cosit nº 12/2022”.
No entanto, a receita bruta de subvensão do Grupo Mateus estava sendo usada como base de exclusão de imposto de renda, de acordo com o “InfoMoney”.
A motivação para o auto de infração, segundo os analistas do Bradesco BBI, parece ser os significativos riscos financeiros envolvidos.