O Grupo Portal Agro entrou com um novo pedido de recuperação judicial na última quarta-feira (25). O grupo, que comercializa insumos agrícolas e opera especialmente na região de Paragominas, no Pará, tem R$ 700 milhões em dívidas.
O processo aponta como causa para a situação patrimonial do grupo a “crise no agronegócio brasileiro, caracterizada pela alta dos preços dos insumos e pela subsequente queda dos preços das commodities, resultando em prejuízos às empresas e sócios”.
O Grupo Portal Agro alega que teria sido surpreendido pela queda dos preços das commodities naquela safra, devido ao aumento dos estoques internacionais de grãos e ao subsequente aumento dos custos, resultando em “péssima rentabilidade”.
O processo, ajuizado por Agenor Andrade, titular da 2ª Vara Cível e Empresarial de Paragominas, determinou a suspensão de execuções e a proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão, e constrição judicial e extrajudicial sobre os bens da companhia por 45 dias.
Pedido do Grupo Portal Agro acontece 2 dias após anúncio de recuperação judicial da Agrogalaxy
O pedido do Grupo Portal Agro acontece dois dias após a Agrogalaxy, um dos principais players do agronegócio brasileiro, anunciar a sua recuperação judicial, com endividamento total de cerca de R$ 4 bilhões.
Além do pedido de recuperação judicial, a empresa informou a renúncia de seu CEO e de cinco dos nove membros do conselho, deixando a companhia em uma situação crítica.
O movimento não surpreendeu quem acompanha o setor, já que a Agrogalaxy enfrenta dificuldades desde o início do ano passado, quando o panorama do agronegócio sofreu mudanças significativas.
A recuperação judicial da empresa acendeu um sinal de alerta no mercado de crédito agro. Com impacto direto sobre credores e investidores, o episódio desencadeou uma onda de cautela, afetando a percepção de risco no setor e gerando discussões sobre as condições econômicas que cercam a concessão de crédito ao agronegócio.
Segundo Elaine Domenico, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, o aumento nos pedidos de recuperação judicial, que atingiram níveis recordes entre janeiro e agosto, é um indicativo claro de dificuldades financeiras enfrentadas pelas empresas do setor.
“Quando muitas empresas pedem recuperação judicial, isso reflete uma incapacidade de honrar dívidas, o que aumenta o risco para os investidores em títulos como debêntures ou CRIs/CRAs”, explica Domenico. Para ela, a avaliação criteriosa do histórico financeiro das empresas e das garantias oferecidas é fundamental para mitigar os riscos no mercado de capitais.