Pausa nos conflitos

Guido Mantega: 'Lula acertou em reduzir as críticas ao BC'

Mantega disse que opina quando acionado pelo presidente e esteve na reunião que marcou a mudança na postura de Lula com o BC

Foto: Marcelo Casal Jr / Marcelo Camargo / Agência Brasil
Foto: Marcelo Casal Jr / Marcelo Camargo / Agência Brasil

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em reduzir as críticas contra o BC (Banco Central), foi acertada e repassou à autoridade monetária a responsabilidade sobre oscilações de mercado – antes atribuídas às falas do mandatário – disse o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Mantega ainda atua como conselheiro pessoal de Lula e afirmou à “Reuters” que opina  “periodicamente” quando acionado pelo presidente. 

Foi ele quem sugeriu que a equipe econômica aproveite o debate sobre a independência financeira do BC para “aprimorar” a autonomia do órgão. No entanto, para ele não há espaço para mudanças mais fortes na regra.

Lula realizou uma reunião com economistas, na qual Mantega esteve presente, em junho, O encontro marcou a alteração na rota do presidente quanto aos ataques e críticas que vinham sendo tecidos sobre o nível dos juros,a autonomia do BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

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“Estava havendo um excesso de ruído em função das críticas, então eu achava que tinha que parar esse tipo de coisa e se reestabelecer a tranquilidade (…) O mercado estava usando isso contra o governo, dizendo que o presidente era responsável pela desvalorização maior (do real), o pessoal estava se aproveitando”, disse Mantega na tarde de segunda-feira (5).

Mantega vê erro do BC na atuação para reduzir volatilidade do câmbio

Mantega interpreta um erro do BC quanto à política monetária. Segundo ele, a autarquia pecou ao não atuar ativamente para reduzir as volatilidades no câmbio e forçou a piora das estimativas de mercado quando abandonou as indicações futuras de cortes de juros. 

A proximidade entre Campos Neto e o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), foi apontada pelo ex-ministro como uma atuação política, porém ele ponderou que Lula fez bem ao amenizar o tom.

“A decisão (de interromper as críticas) foi acertada, porque aí a responsabilidade fica claramente com o BC, não fica mais com quem criticou. É o BC que está com a faca e o queijo na mão, a responsabilidade é dele e do que ele está fazendo”, afirmou.