Guido Mantega na Vale (VALE3) pode se tornar realidade? Entenda

O Governo Federal quer aumentar poder na Vale e pode colocar o ex-ministro da Fazenda no comando

O Governo Federal articula uma forma de elevar sua participação na Vale (VALE3) e busca indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência da mineradora, segundo informações divulgadas pelo jornalista Lauro Jardim, colunista do jornal “O Globo”, no último final de semana.

De acordo com Jardim, o governo Lula poderia utilizar sua influência em alguns acionistas, como Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3) e que tem 8,7% das ações da Vale, para indicar Mantega ao conselho de administração.

No entanto, apesar do interesse do governo na companhia, Jardim informou que os grandes acionistas da Vale, como Mitsui, BlackRock, Bradesco e Cosan não têm interesse na saída de Eduardo Bartolomeo da presidência da mineradora, cujo mandato vai até maio de 2024.

Para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, é praticamente impossível que o Governo Federal emplaque o nome de Guido Mantega na Vale, pois seria necessário uma grande articulação para convencer os grandes investidores.

“É bem complicado que o governo consiga emplacar o nome do Guido Mantega em uma empresa que não é mais estatal, mesmo que ele tenha influência na Previ. Seria preciso uma grande articulação para convencer os demais acionistas da Vale. Dificilmente o governo irá conseguir aprovar isso, tanto que o mercado descarta essa possibilidade”, afirmou Costa ao BP Money.

Em contrapartida, Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, pontua que todos os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sempre quiseram ter um grande poder em empresas de capital misto, como é o caso da Petrobras (PETR3;PETR4) e da Vale. Por conta disso, há sim a possibilidade do governo conseguir colocar o ex-ministro Guido Mantega no comando da mineradora.

“O governo federal pode sim aumentar seu poder na Vale e é provável que ele o faça. Historicamente, todo governo do Lula sempre quis e sempre teve alguma influência forte em empresas de capital misto, como Petrobras. Logo, ele pode fazer um aumento e, caso ele faça isso, colocaria sim uma pessoa como o Guido Mantega, que tem enorme experiência em empresas”, reiterou.

Mercado rejeitaria governança de Mantega na Vale

Na opinião de Costa, além da dificuldade em negociar com os grandes investidores da Vale, o Governo Federal teria que enfrentar uma grande rejeição do mercado em relação ao nome do ex-ministro Guido Mantega, que já esteve presente nos governos de Lula e de Dilma Rousseff (PT).

“Vale ressaltar que essa indicação não seria bem vista entre os investidores, pois representaria um grande problema de governança, na qual um político que não deveria ter sido colocado lá assume a posição de uma grande companhia como a Vale. Mostraria que a companhia não foi totalmente privatizada”, reiterou o sócio fundador da Fatorial Investimentos.

De acordo com Rica Mello, economista e CEO do Grupo BCBF, Mantega, além de carregar consigo todo o histórico dos governos petistas, não possui qualquer experiência no ramo de mineração, fato que pode irritar os investidores.

“Caso o Mantega assumisse um cargo de destaque na Vale, o mercado iria reagir de maneira negativa, pois ele nunca administrou nenhuma empresa parecida. Fora que seu tempo no ministério da Fazenda não foi tão bom. Ele não traria nenhum diferencial para a empresa”, disse Mello. 

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