O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reafirmou nesta quinta-feira (12) a importância de buscar o equilíbrio das contas públicas no Brasil, sem comprometer os direitos das populações mais vulneráveis.
Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, da EBC, Haddad também defendeu o fim da era de “jabutis” legislativos e “pautas-bomba” que possam ameaçar a política fiscal do país.
“Equilibrar as contas é necessário no Brasil. O Brasil precisa reequilibrar suas contas. Só que tem que se fazer isso de forma criteriosa, para que as pessoas que dependem do Estado e oportunidades possam tê-las, e aqueles que não pagavam impostos voltem a pagar, porque estão há mais de 10 anos sem pagar impostos”, afirmou.
“Você deixa uma grande empresa 10 anos sem pagar imposto, para fazer ajuste fiscal em cima do salário mínimo? Do Bolsa Família? É uma coisa criteriosa. Eu sei que tem muito lobby. Não tem lobby de pobre em Brasília. O que existe é lobby de empresa, escritório de advocacia”, completou Haddad.
“Esses jabutis têm que acabar, temos que botar ordem nisso. A maioria dos ministros até tentou fazer alguma coisa, mas não tinha força para conseguir. Nós estamos tendo a energia necessária e a compreensão necessária do Congresso de que essa fase terminou. Essa fase da pauta-bomba, do jabuti, do favor tem que terminar em busca da mais transparência, de oferecer apoio a quem precisa”, continuou.
Segundo Haddad, é justificável o apoio estatal em casos de indústrias emergentes e setores estratégicos para o desenvolvimento do País. No entanto, ele considera inapropriado manter incentivos fiscais e desonerações sobre a folha de pagamento para 17 setores econômicos.
Esse tema foi debatido ontem (11) pela Câmara dos Deputados, que aprovou um projeto de lei estabelecendo o retorno gradual da cobrança de tributos e compensações pelas renúncias fiscais durante o período de transição.
Haddad avalia cenário de desemprego
Durante a entrevista, Haddad destacou o atual cenário de baixo desemprego e os recentes indicadores de inflação como justificativas para promover novos ajustes nas contas públicas.
“Esse é o momento de fazer essa correção de rota. A economia vai crescer mais 3% neste ano, a geração de emprego vai ser recorde neste ano e não podemos nos acomodar”, disse.
“Precisamos perseguir os nossos objetivos para que esse país volte a ter finanças robustas. Nós já temos reservas cambiais acumuladas desde o período do presidente Lula, não temos dívida externa, temos que controlar agora nossa dívida interna, esse juro tem que cair para que essa rolagem seja sustentável e o Brasil volte a crescer acima da média mundial, depois de 10 anos crescendo muito pouco”, pontuou.
Na entrevista, Haddad expressou otimismo quanto ao futuro da economia brasileira, mas ressaltou os desafios que ainda virão, demandando novas medidas. Segundo o ministro, cada ano trará a necessidade de revisar estratégias e amadurecer politicamente para implementar as ações essenciais ao equilíbrio fiscal.