A Heineken anunciou nesta sexta-feira (25) a venda de suas operações na Rússia ao Grupo Arnest pelo preço simbólico de 1 euro (o equivalente a R$ 5,27).
A saída do país se dá por conta da guerra na Ucrânia, iniciada pela invasão cometida pelo regime de Vladimir Putin, em fevereiro de 2022. A companhia já havia anunciado que deixaria a Rússia em março do ano passado, um mês depois do início da guerra. Segundo as projeções da Heineken, a empresa deve ter um prejuízo de 300 milhões de euros (R$ 1,58 bilhão) com o fim do negócio.
“Em resposta à contínua escalada da guerra, a Heineken vai interromper a produção, a promoção e a venda de sua marca na Rússia”, afirmou o CEO do grupo, Dolf van den Brink, em nota.
“Concluímos agora a nossa saída da Rússia. Os desenvolvimentos recentes demonstram os desafios significativos enfrentados pelas grandes empresas industriais ao saírem da Rússia, embora tenha demorado muito mais tempo do que esperávamos”, completou Van den Brink.
O Grupo Arnest assumiu a responsabilidade pelos 1,8 mil funcionários da Heineken na Rússia e assegurou que os empregos serão mantidos pelo menos por três anos.
Heineken: volumes globais crescem 1,2% no 2T23
No final de julho, a Heineken divulgou o seu resultado no mercado global do segundo trimestre de 2023. O volume da cerveja Heineken, líder de vendas do portfólio, avançou 1,2% no 2T23, e no semestre o crescimento foi de 1,7%.
A companhia holandesa avançou 23,8% na região da Ásia e do Pacífico no último trimestre, maior crescimento orgânico mundial, seguido por alta de 2,8% nas Américas. Já na região de África, Oriente Média e Leste Europeu os volumes recuaram 4,9%, enquanto a Europa registrou queda de 8%.
De acordo com a companhia, o resultado global do segmento ficou estável, enquanto países como Brasil registraram alta de dois dígitos nos volumes. O desempenho foi positivo também em México, Espanha, Panamá e Bulgária.
Já em relação aos resultados totais das cervejas da companhia, o volume caiu em todas as regiões de atuação. O pior resultado foi registrado na Ásia e Pacífico, com queda de 15,5% nos volumes no comparativo trimestral.
O recuo de volumes na Europa foi de 6,4%, enquanto nas Américas a queda foi de 5,7%. O melhor desempenho foi registrado na África, Oriente Médio e Leste Europeu, onde os volumes recuaram 4,7% no comparativo anual.
Já o segmento de cervejas premium registrou queda global de 6,5%, prejudicada pelos números da Rússia e do Vietnã. De acordo com a companhia, as tendências de avanço das marcas premium seguiram fortes, exceto nos dois países.
A companhia registrou lucro operacional ajustado de 1,94 bilhão de euros no primeiro semestre deste ano, o que representa queda de 8,8% em relação ao mesmo período de 2022.
O lucro operacional caiu 22% em uma base ajustada no primeiro semestre. O volume de cerveja caiu mais do que o esperado, pois a Heineken aumentou os preços em quase 13%.
Os fabricantes de cerveja estão lutando para repassar os altos custos das matérias-primas aos consumidores sem afastá-los para marcas mais baratas. A Heineken é a primeira das grandes cervejarias globais a divulgar os resultados do primeiro semestre, e seus resultados podem indicar dificuldades para as rivais Anheuser-Busch InBev NV e Carlsberg A/S.