O Ibovespa, principal índice do mercado acionário nacional, iniciou o pregão desta quarta-feira (22) em alta, com um recuo do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à política tarifária. Na agenda do dia há poucos indicadores nacionais e internacionais e o mercado também está atento aos investimentos dos EUA em IA.
Por volta das 10h10 (horário de Brasília) o marcador estava em alta de 0,37%, aos 123.793 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial apresentava uma queda de 0,46%, cotado a R$ 6,0025.
O aparente recuo de Trump em relação às tarifas internacionais, especialmente para o Canadá, México e China, levou a uma recuperação no mercado global, incluindo o Ibovespa. Se antes o presidente falava de taxas de 60%, agora menciona tarifas de 25% para os vizinhos norte-americanos e de 10% para os chineses.
Mas as incertezas em relação à mudança de governo dos EUA seguem causando volatilidade no mercado, que continua focado em Trump, com uma agenda de índices mais fraca nesta quarta-feira (22), tanto no Brasil quanto no exterior. Nesse cenário, as atenções também se voltam ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Desde que tomou posse, na segunda-feira (20), Trump já revogou 78 medidas do ex-presidente Joe Biden e assinou decretos, mas ainda não mostrou muito como deve lidar com a economia, opina o coordenador da comissão de Economia da APIMEC Brasil, Alvaro Bandeira. Entre as medidas, um destaque é o alto investimento em IA.
Mais detalhes sobre o que move o Ibovespa
As perspectivas de uma política tarifária menos agressiva que o esperado anteriormente de Trump animaram o mercado. “Isso trouxe um pouco mais de alívio em comparação com o medo de uma bagunça comercial e consequências disso para o mundo”, diz o analista de investimento da Andbank Fernando Bresciani.
Outra notícia que trouxe otimismo foi o anúncio de investimentos de US$ 500 bilhões em infraestrutura para IA (inteligência artificial) nos EUA. Além disso, as empresas do país em geral têm expectativas de serem beneficiadas pelo novo presidente, que promete redução de impostos corporativos.
Já no cenário doméstico, investidores estão atentos à possibilidade de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tente reeleição em 2026. Isto preocupa os aliados de Lula, já que estes entendem que não há tempo para trabalhar um outro nome petista para as próximas eleições presidenciais, segundo apuração do “Valor”.
Além dessas notícias, os investidores devem acompanhar o fluxo cambial semanal brasileiro, divulgado pelo BC (Banco Central) e o discurso da presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, no Fórum Econômico Mundial. Nesta quarta-feira (22), Lagarde declarou que o BCE e o Fed trabalham em condições diferentes.
Mesmo que as políticas de Trump ainda não tenham afetado diretamente o Brasil, o presidente já sinalizou um recuo no multilateralismo e no combate às mudanças climáticas, movimento contrário ao do governo brasileiro.
EUA
Investidores seguem atentos aos próximos passos de Donald Trump, mesmo com o alívio da ausência de novas tarifas até agora. A recuperação dos mercados na terça-feira se mostra relativamente frágil, uma vez que apenas o fato do presidente mencionar taxas para o México e Canadá pressionou as moedas desses países.
Nas projeções do Goldman Sachs, há uma chance de 70% de Trump impor tarifas sobre o México e Canadá. Ainda, para o Morgan Stanley, o presidente deve adotar um caminho menos direto para as taxas, contrariando as perspectivas anteriores de uma possível tarifa universal para as importações.
No lado positivo, há uma percepção de que Trump pode beneficiar empresas, já que o presidente fala em desregulamentar alguns setores e reduzir impostos a empresas.
Cotação dos índices futuros dos EUA:
Dow Jones Futuro: +0,15%
S&P 500 Futuro: +0,45%
Nasdaq Futuro: +0,85%
Bolsas asiáticas
Os mercados fecharam mistos na região da Ásia-Pacífico, com ações da China em queda em razão dos comentários de Donald Trump de que vai impor uma tarifa de 10% ao país asiático a partir de 1º de fevereiro. O anúncio traz incertezas sobre o comércio de curto prazo.
Por sua vez, no Japão, a Nikkei fechou com ganhos impulsionados pelas perspectivas de maiores investimentos na construção de datacenters de IA no governo de Trump.
Shanghai SE (China), -0,89%
Nikkei (Japão): +1,58%
Hang Seng Index (Hong Kong): -1,63%
Kospi (Coreia do Sul): +1,15%
ASX 200 (Austrália): +0,33%
Bolsas europeias
Os mercados da Europa operam em alta, com espera por comentários da presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Outros membros do BCE também participam do evento, como François Villeroy de Galhau, do Conselho de Governadores, que vai falar sobre as taxas de juros.
As projeções de analistas são de que o BCE deve reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base na semana que vem. Ao mesmo tempo, agentes do mercado se questionam sobre qual deve ser o limite para a queda dos juros, uma vez que a inflação segue superior à meta do banco e há riscos relacionados à política “America First” de Trump.
FTSE 100 (Reino Unido): +0,09%
DAX (Alemanha): +0,66%
CAC 40 (França): +0,43%
FTSE MIB (Itália): +0,24%
STOXX 600: +0,29%