Nos últimos dois meses, o Ibovespa acumula uma queda de 4%, com os setores financeiro e de energia, além da Petrobras (PETR4), impulsionando esse movimento. “Todos tiveram desempenho muito ruim, devolvendo boa parte dos ganhos recentes”, comentou Bruno Corano, economista da Corano Capital.
O IEE (Índice de Energia Elétrica) acumula queda de 6,33% nos últimos dois meses, enquanto os principais bancos do Ibovespa seguem na mesma direção.
O Itaú (ITUB4) acumula queda de 3,19%, o Bradesco (BBDC4) apresenta uma contração de 5,60%, a BB Seguridade (BBSE3) registra queda de 6,45%, o BTG Pactual (BPAC11) apresenta variação negativa de 7,87%, e a Caixa Seguridade (CXSE3) recua 11,44%.
Além disso, Mário Mariante, analista-chefe da Planner Investimentos, ressalta que o Ibovespa é altamente influenciado pelo comportamento de investidores estrangeiros. A afirmação se baseia no fato desses investidores responderem à cerca de 50% do volume médio diário da B3 (B3SA3).
“Essa movimentação de entradas e saídas reflete sobretudo nas ações de maior liquidez do Ibovespa, como Petrobras, Vale e grandes bancos”, disse Mariante.
“Em agosto, por exemplo, houve entrada líquida de R$ 10,0 bilhões de fluxo estrangeiro, e a bolsa subiu 6,54%. Em setembro, houve uma inversão com saída de R$ 1,67 bilhão, derrubando o índice em 3,08%. No mês de setembro, os principais índices setoriais fecharam negativos, com o pior desempenho nos índices financeiro e de consumo”, acrescentou Mariante.
Por outro lado, os principais índices setoriais permanecem negativos, com destaque para o índice de energia. O índice de Small Caps acumulava baixa de 15,1% até segunda-feira (28), conforme dados da Economatica.
Na perspectiva de Bruno Corano, o setor financeiro pode ver recuperação, “visto que os balanços têm vindo fortes”.
O Santander (SANB11) foi o primeiro a divulgar seu balanço do terceiro trimestre, apresentando lucro líquido gerencial de R$ 3,664 bilhões. Na sequência, o Bradesco divulgou seus resultados, com um lucro recorrente de R$ 5,22 bilhões.
Ibovespa caminha para o final de 2024 com ‘muitas questões pendentes’
Ainda na visão de Mariante, o índice caminha para o final do ano com “muitas questões pendentes” que podem não ter resolução no curto prazo. Uma das preocupações que vêm ocupando os holofotes do mercado é a questão fiscal brasileira.
Na manhã de quinta-feira (31), o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará os ajustes necessários para cumprir o arcabouço fiscal, “enquadrando as despesas dentro das regras da meta fiscal”.
No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), havia declarado que a pasta econômica chegou a um entendimento com a Casa Civil a respeito das medidas.
“O mercado voltou a fazer contas com a inflação em alta, dólar subindo e volatilidade nos preços das commodities, desenhando um cenário de cautela para a virada do ano”, disse Mariante.
“A grande maioria dos analistas aponta que é preciso alguma medida de contenção de gastos. Caso nada seja feito, o índice Ibovespa deve sofrer no curto e médio prazo, além das taxas de juros continuarem pressionadas”, acrescentou Bruno Corano, economista da Corano Capital.