O Ibovespa terá como destaque, na semana entre os dias 2 e 6 de dezembro, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do terceiro trimestre de 2024. A primeira semana do último mês do ano deve ser mais movimentada em Brasília, com a chegada de novos PLs (Projetos de Lei) e PECs (Propostas de Emenda à Constituição) no Congresso.
Na próxima semana, as conversas em torno do pacote de contenção de gastos do governo, anunciado na última quarta-feira (27), devem continuar.
No exterior, nos EUA, os destaques são os dados do mercado de trabalho e discursos das autoridades monetárias, com ênfase na fala do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell.
Além disso, o PIB da zona do euro do terceiro trimestre também deve movimentar o mercado, juntamente com a divulgação dos índices de gerentes de compras referentes a novembro de diversos países e da balança comercial dos EUA e de outras nações.
A agenda econômica será iniciada oficialmente no domingo (1º de dezembro), com a divulgação dos PMIs da China e do Japão. Na madrugada de segunda-feira (2), saem os dados da França e da Alemanha, que estão em território de contração.
As duas maiores economias da zona do euro enfrentam situações difíceis. A França lida com incertezas fiscais em meio à instabilidade política, o que impede a aprovação do orçamento do país para o próximo ano, impactando negativamente o preço dos títulos franceses no mercado.
Na segunda-feira (2), no Brasil, serão divulgados o tradicional Boletim Focus e os PMIs Industriais da zona do euro, do Reino Unido, do Brasil e dos EUA, além dos discursos de Waller e Williams, ambos do Fed.
Política monetária brasileira: o que esperar?
O mercado não reagiu bem ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As projeções da equipe econômica indicam uma economia de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, o que estressou os mercados e derrubou o preço dos ativos brasileiros.
As movimentações do governo brasileiro em relação ao fiscal foram consideradas precipitadas, especialmente no que tange à isenção de IR (Imposto de Renda) para aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês. “Investidores demonstraram dúvida se essa compensação será aprovada pelo Congresso”, afirmou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.
“Em linhas gerais, a proposta não apresenta uma política fiscal sustentável e crível, uma exigência do Banco Central do Brasil para uma melhor condução da política monetária”, comentou Manzoni.
“Como se viu na última semana, as incertezas fiscais acabam contaminando negativamente o preço dos ativos brasileiros, como alerta o Comitê de Política Monetária (Copom) em seus comunicados e atas da reunião”, acrescentou.
Como o mercado se comportou durante a semana
No Ibovespa, a semana entre 25 e 29 de novembro foi marcada pelo anúncio do pacote fiscal do governo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). “Apesar de popular, a medida foi mal recebida pelos mercados, que questionam o impacto dessa renúncia fiscal no cumprimento do arcabouço fiscal”, comentou Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.
O cenário trouxe preocupações ao mercado, fazendo o Ibovespa cair e o dólar alcançar os R$ 6,00. “O dólar disparou e atingiu a marca de R$ 6,00, enquanto o IPCA-15 de novembro veio acima do esperado, com alta de 0,62% no mês, pressionado principalmente pelos preços de passagens aéreas, que subiram 22,6%”, acrescentou Iarussi.
A incerteza fiscal pressionou a divisa brasileira, beneficiando empresas exportadoras, mas prejudicando companhias importadoras. “O anúncio do arcabouço fiscal, com corte de gastos e aumento de tributos para os mais ricos, gerou ceticismo no mercado, ampliando a pressão sobre o dólar, que chegou a atingir R$ 6,00”, disse Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
Ibovespa na semana
- Segunda-feira (25): -0,07%
- Terça-feira (26): +0,69%
- Quarta-feira (27): -1,73%
- Quinta-feira (28): -2,40%
- Semana: -3,50%