Análise de especialistas

Ibovespa: alta ou depreciação? Como será 4T24

Tensões no Oriente Médio, juros altos, guerra na Ucrânia e diversos outros fatores devem afetar o Ibovespa nos próximos meses

Investimentos/ Foto: Colagem BP Money
Investimentos/ Foto: Colagem BP Money

Mais um trimestre se encerra para o Ibovespa, e os analistas já trazem suas expectativas para o quarto trimestre de 2024. Especialistas ouvidos pela BP Money apontaram que as projeções para o índice seguem voláteis.

“Para o 4º trimestre, nossa expectativa é de um Ibovespa influenciado por fatores [externos e internos] que devem ditar o tom do mercado no final do ano e dar sinalização para o começo de 2025”, disse Mário Mariante, analista-chefe da Planner Investimentos.

No curtíssimo prazo, segundo o especialista, o reflexo dos resultados corporativos do terceiro trimestre deverá sinalizar o caminho da Bolsa de Valores brasileira, bem como entusiasmado ou agitar os investidores.

Reforçando o otimismo, na terça-feira (1º), a Moody’s divulgou seu relatório apontando que elevou uma nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1. No curtíssimo prazo, a avaliação já gerou estímulo para altas no Ibovespa.

Cenário geopolítico deve variar Ibovespa nos próximos meses

Outro fator que eleva a incerteza do mercado neste último trimestre é o cenário geopolítico internacional.

Em relação às tensões no Oriente Médio, os analistas apontam que a ofensiva de Israel pode tornar a região mais amigável para os negócios. “O ataque do Irã a Israel hoje (1º/10) foi o primeiro a movimentar o mercado, levando uma alta de 5% no petróleo”, disse Bruno Corano, economista e idealizador do Imigre América.

De acordo com Corano, mesmo com essa alta da commodity, os preços negociados no mercado internacional ainda estavam abaixo de US$ 80 o barril.

A tensão vem afetando ações brasileiras e mercados internacionais ligados a commodities, à medida que os EUA se posicionaram em defesa de Israel. “Isso vai diminuir o apoio à Ucrânia, que pode ver uma ofensiva em breve da Rússia. A Europa não vai conseguir defender sozinha a Ucrânia e pode se mostrar fragilizada, principalmente num momento de forte desaceleração econômica da Alemanha”, explicou o especialista.

Em tese, agora na perspectiva de Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com, os “desdobramentos atuais do conflito entre Rússia e Ucrânia estão precificados”.

“É difícil projetar os efeitos no preço dos investimentos financeiros a partir dos desdobramentos geopolíticos de um conflito localizado, com potencial de se alastrar por todo o Oriente Médio, grande produtor de petróleo, o que pode catalisar um repique inflacionário”, ponderou Manzoni.

Além disso, um fator que foi consenso entre o grupo de analistas foi a eleição presidencial nos EUA. Como o BP Money já havia divulgado, há vantagens e pontos de atenção para os dois candidatos.

Alta da Selic, Copom e cenário fiscal: como Ibovespa vai reagir?

As preocupações com o cenário fiscal se intensificaram nos últimos meses, especialmente pelo fato das despesas e da dívida pública seguirem avançando de forma agressiva. “O retorno da dívida pública com vencimento em 10 anos voltou a subir, ultrapassando a marca dos 12,40% ao ano”, disse Angelo Belitardo, gestor de investimentos da Hike Capital.

“A última vez que a taxa de juros dos títulos de renda fixa com vencimento em 10 anos alcançou esse patamar foi em abril de 2023”, acrescentou Belitardo.

Neste quarto trimestre, os especialistas apontam que o mercado deve continuar monitorando se o governo vai ou não cumprir a meta fiscal de déficit primário em 2024. Muitos investidores encaram “a promessa” com ceticismo.

Assim, caso o governo não atinja a meta, o ideal é que os mecanismos de contenção de gastos do novo arcabouço fiscal sejam respeitados.

Além disso, também não está no radar do mercado as próximas decisões e posturas do Copom (Comitê de Política Monetária) e de seus membros.

Vale lembrar que recentemente, o comitê elevou a Selic (a taxa básica de juros) para 10,75% ao ano.

“Os investimentos em renda variável, como ações, são desestimulados com juros mais altos”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.

“Além disso, juros maiores significam perspectivas de investimentos financeiros de empresas altamente individualizadas e menor incentivo ao consumo e investimentos de empresas ligadas ao ciclo econômico doméstico, o que implica menor propensão a investir em ações de empresas com esses perfis”, completou Manzoni.

Quais setores estão sentindo e já sentem os efeitos dos juros?

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos, trouxe sua perspectiva em relação aos juros. Segundo ele, o setor que mais foi e seguirá sendo afetado no trimestre é o de tecnologia.

Ele também aponta setores que não têm tendência de crescimento em meio ao cenário, como comércio e varejo.

Por outro lado, entre os que podem ser beneficiados estão as empresas ligadas às commodities. Essa visão positiva vem, especialmente, pela tendência de alta que ainda perdura devido ao cenário internacional.

Por fim, empresas com foco maior em exportações também deverão ter bons resultados neste último trimestre de 2024.

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