O Ibovespa atingiu, em 2024, volume médio diário (mercado à vista) de US$ 3,5 bilhões, o menor patamar em dólares desde 2018, de acordo com a consultoria Elos Ayta. Enquanto isso, na linha dos reais, o montante negociado foi de R$ 18,8 bilhões, o menor em reais desde 2019.
O volume negociado do Ibovespa retrocedeu pelo terceiro ano consecutivo, com recuos de 8,5% em reais e 14,9% em dólares em comparação a 2023.
Além disso, os números de 2024 em reais, ajustados pela inflação, se parecem com os de 2018, registrando uma baixa de 12,3% no comparativo anual.
Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, avaliou que o enfraquecimento da liquidez da B3 acende um alerta para investidores.
“A liquidez é essencial para a eficiência e atratividade dos mercados financeiros. A queda no volume financeiro reflete não só as condições macroeconômicas internas, mas também a falta de competitividade do mercado brasileiro ante a outras bolsas globais”, disse Rivero.
Para efeitos de comparação, ao longo de 2024, o papel da Nvidia (NVDA), o mais negociado nos EUA, movimentou US$ 37,13 bilhões ao dia, equivalente a 10 vezes mais do total da B3 no mesmo período.
O executivo da Rivero Elos Ayta destacou que o principal desafio para 2025 será aumentar a atratividade da B3 e do Ibovespa para o mercado.
“A liquidez não é apenas um indicador técnico; é um termômetro da confiança dos investidores no mercado”, finalizou.
Ibovespa: aviação, varejo e educação líderam quedas de 2024
O Ibovespa findou 2024 muito longe do que as previsões indicavam no início do ano, com o índice fechando o último pregão do período, na segunda-feira (30), com saldo negativo maior que 10%. Como em todo jogo, alguns saíram vencedores ou perdedores, com os três papéis que encabeçaram o lado negativo do ranking ilustrando os setores que mais frustraram os investidores.
No topo da lista de maiores desvalorizações esteve a Azul (AZUL4), cujo desempenho chegou ao fechamento da véspera com -77,89%. Em seguida vieram Magalu (MGLU3) e Cogna (COGN3) com quedas acumuladas de 69,76% e 68,77%, respectivamente.
No quadro geral, especialistas acreditam que a deterioração nos indicadores econômicos ao longo do ano, bem como nas perspectivas para os mesmo em 2025, enfraqueceram o desempenho de setores do Ibovespa mais sensíveis ao dólar, aos juros e à inflação, como no caso da aviação, educação e varejo.
A performance amarga da Azul (AZUL4) no Ibovespa refletiu a situação de seus déficits. Ao longo do ano, a companhia aérea buscou formas de renegociar uma dívida de curto prazo e chegou a conseguir através de um acordo com detentores de títulos para obter US$ 500 milhões em financiamento adicional.
O acordo previa o fornecimento de US$ 150 milhões à Azul pelos credores, com prazo de 90 dias para vencimento, além de mais US$ 250 milhões depois desse período e a possibilidade de outros US$ 100 milhões em caso de melhoria nos fluxos de caixa.
Contudo, as agências de classificação de risco Moody’s e Fitch Rating não pareceram tão animadas com a recuperação da empresa ao longo do ano.
A Moody’s chegou a rebaixar o rating corporativo da companhia de “Caa1” para ‘Caa2”, enquanto a Fitch, em relatório divulgado em setembro, antes da renegociação, acreditava que a situação financeira da aérea era “insustentável’, análises que ajudaram na desvalorização do papel.