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Ibovespa bate recorde sete vezes em dezembro; analistas revelam projeções

“Se o dever de casa for feito, 2024 tem tudo para ser um ano em que veremos novas máximas históricas na bolsa brasileira”, diz Ormond

Há poucos pregões para concluir o ano, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, a B3, tem performado com altas significativas e registrado novas máximas durante o mês dezembro. A sessão desta sexta-feira (22) teve um fechamento que se aproximou dos 133 mil pontos e atingiu mais um recorde — o quarto só nesta semana. A alta foi de 0,43%, aos 132.750 pontos. Ao todo, na semana o Ibovespa avançou 1,96%, já no mês, os ganhos foram de 4,26%. Ainda sobre dezembro, o índice já acumulou sete novos recordes durante o fechamento.

Analistas consultados pelo BP Money explicam que os patamares alcançados são resultado do otimismo do mercado, impulsionado principalmente pela diminuição da taxa de juros e perspectiva de maiores redução das quedas. 

O Banco Central do Brasil (BC) revisou para baixo suas previsões de inflação, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para 2023, diminuindo de 5% para 4,6%. Este ano, a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), está em 3,25%, podendo variar entre 1,75% e 4,75%.

O mais recente Boletim Focus, compilação do BC com as projeções dos economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país, aponta que o IPCA deve encerrar o ano em 4,49%. Caso essas previsões se confirmem, a inflação em 2023 retornará ao intervalo estabelecido pelo CMN após dois anos consecutivos de ultrapassagem da meta.

O economista e CEO da Dootax, Yvon Gaillard, avalia que o cenário além de favorável para o mercado de renda variável, pode atrair novos investidores. “Isso acaba animando o mercado ali e consequentemente fazendo com que os investidores tendem a assumir um risco um pouco maior ali, provavelmente entre outros investimentos, também aumentar o percentual de investimento ali na bolsa”, disse.

“O Ibovespa tem refletido a continuação do otimismo e apetite ao risco que vimos nas últimas semanas, com os juros futuros continuando seu movimento baixista, o que se justifica pelas falas dos presidentes dos Bancos Centrais do Brasil, EUA e Europa na última quinta-feira”, completa Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital.

Leandro Ormond, analista da Aware Investments, também destaca, em resposta ao BP Money, que os dados divulgados nos Estados Unidos impulsionaram a alta no índice brasileiro da B3. A divulgação mostra uma desaceleração da inflação norte-americana, e faz com que o mercado aposte em cortes nos juros já no primeiro semestre. “Isso impulsiona um movimento de procura maior por ativos de risco, não só nos EUA, como no Brasil também”, completa.

Além disso, os especialistas destacam a aprovação da reforma tributária e a manutenção da meta fiscal para 2024 como fatores favoráveis que contribuíram para o bom desempenho da bolsa brasileira neste final de ano.

O que esperar da bolsa na última semana do ano?

De acordo com o economista Anderson Silva, é possível prever que o Ibovespa estabelecerá uma rotina operacional acima dos 125 mil pontos nos dias subsequentes, com uma tendência a uma estabilidade relativa, sem movimentos drásticos de alta ou realização de lucros até o término de 2023, a menos que algum evento extraordinário ocorra. 

Aquilo que já foi visto como um ápice do mercado, agora se transforma em uma espécie de patamar consistente, à medida que o mercado se mantém nesse espectro, substituindo a antiga discussão sobre os 100 mil pontos.

“Acredito que o Ibovespa deva se acostumar a trabalhar acima dos 125 mil pontos nos próximos dias, sem grandes movimentos de alta ou realizações de lucros nos últimos dias de 2023, salvo aconteça algo muito fora da curva. O que antes foi um topo de mercado a cada dia que o mercado continua negociando nesses patamares se consolida com um novo ponto de suporte, deixando no passado os tão falados 100 mil pontos”, avalia.

Expectativas para o Ibovespa em 2024

O economista Yvon Gaillard avalia que o cenário do próximo ano é de que o índice siga registrando ganhos e possivelmente renove os recordes já alcançados. “Evidentemente há questões geopolíticas, temos que acompanhar como vão se desenrolar, porque existe uma certa tensão em algumas regiões do mundo. Mas olhando aqui internamente, acredito que a Bolsa de Valores seja um bom investimento e que inclusive nos primeiros meses, ao longo do ano, vai renovando suas máximas e provavelmente em 2024 poderemos fechar o maior patamar da história do Ibovespa”, projeta.

Leandro Ormond completa a análise do colega salientando os fatores domésticos que podem interferir no desempenho do índice. 

“Para 2024, é importante que o governo continue os esforços para cumprir a meta fiscal, para que o Banco Central possa continuar com espaço para cortar os juros”, destaca.  

Por fim, o especialista destaca que a revisão do rating brasileiro pela S&P também é um fator positivo para o ano que está por vir, e pode atrair ainda mais o investidor estrangeiro. “Se o dever de casa for feito, 2024 tem tudo para ser um ano em que veremos novas máximas históricas na bolsa brasileira”, comentou Ormond.