Mas uma semana chega ao fim, com a oportunidade de refletir sobre os frutos do Ibovespa no decorrer dos pregões. Para a próxima semana, economistas procurados pelo BP Money citam dados econômicos, repercussão política e mais resultados trimestrais no radar.
O principal índice acionário brasileiro fechou a semana com queda de 1,63%. No mês, o recuo já tem acumulo de 1,51%. No fechamento do Ibovespa, os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) dominaram as atenções na sexta-feira (8).
Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT CAPITAL, deixa claro que o medo envolve mas também a crença de uma interferência política nas decisões.
“Se for olhar hoje, o Banco do Brasil também caiu, teve uma forte queda. A Caixa Seguridade também teve uma grande queda porque as pessoas estão receosas de que o governo trate essas empresas como algo de manipulação política, de investimentos em áreas que, de certa forma, o governo deveria fazer destoando das funções das próprias companhias. Então esse é o maior receio”, observou.
Ele esclarece, ainda, que as oscilações do Ibovespa se devem também à volatilidade das commodities. Entre elas o petróleo e o minério de ferro, dois dos principais e que influenciam diretamente a Vale (VALE3) e a Petrobras.
Papéis de destaque no Ibovespa
Puxando pelos registros de balanços do quarto trimestre de 2023 (4T23), os resultados, sobretudo dos setores de combustíveis, mineração e siderurgia, impulsionaram negativame o Ibovespa.
No lado negativo da linha, a Vibra (VBBR3) e a PetroRecôncavo (RECV3), estiveram entre os maiores recuos, com contrações de -10,11% e -9,19%, em sequência.
Porém, seus pares do segmento, como a Prio (PRIO3) e a 3R Petroleum (RRRP3), foram na direção contrária, no fechamento semanal. As empresas reverteram as perdas e encerraram com percentuais positivos de 0,79% e 0,25%, respectivamente.
Varejistas
Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, destacou as variações vividas pelas Casas Bahia (BHIA3) nesse tempo. O papel, na semana anterior, subiu acima de 16%, pela notícia de renegociação de dívidas. Mas, neste encerramento, enfrentou queda de 16,87%, expôs ela.
Já o Grupo Pão de Açúcar – GPA (PCAR3), que configura entre as piores baixas do período de referência, afirmou Kist, viu as consequências do anúncio de follow on para aumento de capital. Por um lado, um movimento positivo para pagar as dívidas e melhorar a estrutura de capital. Contudo, por outro lado, deve diluir os acionistas em cerca de 50%, o que impacta negativamente um papel “já bem castigado”, segundo ela.
Movimento do dólar
Quanto à moeda dos EUA, cuja cotação e desempenho afetam toda a economia, essa semana foi positiva e fechou com ganhos de R$ 0,42. Segundo Richetti, o período foi estável para o dólar.
“Tivemos alguns dados americanos divulgados nesta semana, falas do presidente do FED, sendo muito ameno, dizendo que realmente há uma possibilidade de queda de taxa”, explicou ele.
Para ele, na próxima semana, o dólar deve romper as regiões atuais, para cima – a R$ 5 – e para baixo – a R$ 4,94 – e ambos os cenários podem gerar estresse.
“A princípio tem que ter algum ponto novo que estresse o mercado […] a semana que vem vai estar mais estável, então o pessoal olha mais para a Super Quarta, que será no final do mês de Março. [No dia] sai tanto a taxa de juros americana como a brasileira. Então acredito que o dólar ainda e os juros continuarão nessa lateralidade, a menos que aconteça alguma coisa que hoje a gente não esteja vendo”, finalizou.
Kist, assegurou que as expectativas sobre as decisões de corte na taxa de juros pelo FED (Federal Reserve) também assombrou o dólar.
“Uma vez que o banco central americano inicie o corte das Fed Fund Rates, a renda fixa americana, que atraiu um grande fluxo de capital por conta das máximas das taxas, perde atratividade. Antevendo esse movimento de corte de juros, o fluxo de capital já tem impactado negativamente o dólar há algumas semanas”, avaliou.
Previsões para a semana no Ibovespa
Para a estrategista do InvestSmart, Mônica Araújo, as questões fundamentais de macroeconomia, sobretudo os dados que influenciam os bancos centrais, seguiram norteando os mercados de risco.
Desses, o foco deve estar, tanto nos EUA quanto no Brasil, na parte de inflação, disse ela. “Aqui ainda teremos a divulgação do Boletim Focus. Há uma expectativa da continuidade de revisões positivas em relação ao PIB de 2024. Revisões para cima e, também, uma certa estabilidade ou até uma revisão para baixo de inflação também, dada a contribuição de algumas classes”, afirmou.
No âmbito nacional, ainda haverá os dados de serviços e vendas do varejo, além do Caged. No exterior, a atividade no Japão se destaca, segundo Araújo, o PIB deve ser divulgado. Já nos EUA, a concentração estará sobre a inflação, como foi citado.
No Ibovespa, mais balanços trimestrais serão divulgados e podem mexer com os investidores. “Então, o foco agora está mais direcionado. Começamos a verificar um pouco de rotação de investimento, indo mais para atividades domésticas, para small e medium caps. […] Será uma bateria de resultados que devem acabar influenciando uma parte micro da bolsa brasileira”, reiterou a estrategista.