Projeções acima do 15%

Ibovespa deve finalizar 2025 acima dos 135 mil pts; avaliam especialistas

Matheus Amaral, especialista em renda variável no Inter, destaca que o principal desafio será o pessimismo generalizado em relação ao cenário fiscal do país

Foto: B3/Divulgação
Foto: B3/Divulgação

O Ibovespa tem a expectativa de encerrar 2025 acima dos 135 mil pontos, segundo análises de especialistas, que destacam, ao BP Money, tanto desafios como oportunidades para o mercado de ações brasileiro no próximo ano.

João Victor Vieitez, analista da Aware Investments, aponta que um dos maiores obstáculos para o desempenho da bolsa será o cenário de juros elevados, com projeções que podem ultrapassar os 15%. 

“Isso gera uma pressão significativa sobre os ativos de renda variável, especialmente em um ambiente macroeconômico com riscos adicionais, como uma possível alta da inflação e questões fiscais que podem aumentar a aversão ao risco”, explica Vieitez. Esse cenário, segundo o analista, deve ser monitorado com cautela pelos investidores.

Por outro lado, Matheus Amaral, especialista em renda variável no Inter, destaca que o principal desafio será o pessimismo generalizado em relação ao cenário fiscal do país. 

“Apesar de as empresas apresentarem lucros resilientes, a expectativa de novas altas nos juros pode pressionar o custo da dívida de empresas mais alavancadas. No entanto, a assimetria no mercado favorece possíveis ventos favoráveis, seja por um ajuste fiscal ou pelo noticiário corporativo mais positivo”, afirma Amaral. 

Ambos, no entanto, concordam que o ambiente de juros elevados será um fator determinante para o desempenho do índice.

Expectativas de pontuação para o Ibovespa

Quanto à expectativa para o índice, Vieitez aponta que o patamar de 135 mil pontos parece razoável para o fim de 2025, embora admita que qualquer valor superior seria um bom resultado. Já Amaral, mais otimista, acredita que o Ibovespa pode chegar a 143.200 pontos.

“Com a bolsa atualmente abaixo de 7 vezes os lucros esperados para 2025, ainda há muitas oportunidades de papéis bons e baratos”, argumenta o especialista do Inter.

Nos setores recomendados, ambos os analistas concordam que os segmentos mais resilientes serão aqueles com maior previsibilidade e consistência de resultados. Vieitez sugere atenção para os setores de energia, saneamento e bancos, que têm apresentado estabilidade, principalmente em tempos de inflação.

“Empresas de transmissão elétrica se destacam pela previsibilidade de suas receitas, enquanto o setor de saneamento, embora sem a garantia das RAPs, também apresenta estabilidade devido à essencialidade de seus serviços”, diz Vieitez.

Amaral, por sua vez, aponta o setor financeiro, especialmente o de seguros, como um dos mais promissores.

“Essas empresas têm resultados resilientes e são beneficiadas pela indexação aos juros, o que pode ser vantajoso em um cenário de alta de taxa de juros”, afirma.

Além disso, ele vê boas oportunidades em exportadores, com destaque para o setor de papel e celulose, impulsionado pelo dólar elevado.

Por outro lado, ambos os analistas sugerem cautela com os setores mais sensíveis à elevação da taxa de juros. Vieitez recomenda atenção redobrada para empresas que dependem de capital intensivo ou têm alta alavancagem, como no varejo, educação e turismo, já que esses negócios enfrentam maiores desafios em um ambiente de juros elevados.

Amaral complementa, indicando o setor de consumo como mais suscetível à pressão tanto do ambiente macroeconômico quanto da competição interna. “O ambiente competitivo está muito acirrado, o que torna esse setor mais arriscado”, pontua.

Em suma, as perspectivas para o Ibovespa em 2025 são mistas, com desafios vindos de um cenário fiscal e macroeconômico incerto, mas também com oportunidades de valorização, especialmente para setores mais resilientes e descontados.

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